O nosso Canto
Poético de hoje é para refletir uma data que NUNCA deve ser comemorada, pois um
povo que respeita o espaço democrático, o direito do outro e a dignidade humana,
não pode exaltar em sua história um período marcado por autoritarismo, tortura
e morte. 31 de março de 1964 foi um GOLPE de Estado, e da Democracia no Brasil.
O cordelista Paulo Borja nos provoca a reflexão no seu cordel Brasil é Democracia (Ditadura? Nunca mais!).
Paulo Borja |
Em 31 de março de 1964, o
Brasil iniciava um dos períodos mais sombrios e violentos da sua história
contemporânea. Começava neste dia um golpe de Estado realizado pelos militares
diante o governo de João Goulart, período que durou 21 anos, marcados pela
censura, opressão, tortura e morte de quem se opusesse contra o regime
autoritário militar.
O inicio deste período
macabro da história brasileira, se deu em 1961, com a renúncia de Jânio
Quadros, diante pressões que sofreu no seu curto mandato. E seu vice, João
Goulart assumiria em seu lugar, mas desde o início ele já sofria a pressão dos
militares, que via em Jango, uma ameaça aos interesses das políticas estadunidenses
capitalistas no país. Já que o presidente que assumia naquele momento, vinha de
relações com países socialistas como a União Soviética, que naquele momento
vivia em tenções de guerra com o Estados Unidos por conta da divisão bipolar
entre capitalismo e socialismo, no período marcado da Guerra Fria (1947 - 1991).
Estes contextos foram
ganhando tensões de 1961 a 1964, onde Jango ficou limitado em suas atribuições
como presidente, pelo fato do Congresso Nacional ter aprovado a emenda
Constitucional nº4, tornando o regime presidencial em parlamentar, assim Jango
ficava com poderes como presidente restrito, e o parlamento ficavam com
Tancredo Neves, primeiro-ministro, com mais força. Em 1963, a partir de um
referendo, o período parlamentarista republicano no Brasil chegou ao fim, e
João Goulart volta a ter maiores poderes enquanto presidente.
E neste período Jango começa
colocar em plano várias de suas políticas, marcadas com grandes reformas de
base no país, incomodando os detentores dos poderes econômicos e políticos, e os Estados
Unidos, que via uma grande ameaça de viés socialista nos seus interesses na
América Latina. Assim com apoio dos estadunidenses os militares no Brasil, com
a justificativa de uma ameaça comunista, com as políticas de esquerda de Jango,
se opuseram ao presidente, e todas as bases do governo, que tinha apoio
principalmente dos estudantes universitários.
E em 31 de março de 1964,
foi declarado o Golpe de Estado impondo o exílio do presidente, e dando inicio
ao regime militar no Brasil, com uma posição ditatorial. Assim o primeiro
período da democrático no Brasil teve o fim, com a volta de um governo
autoritário, sem diálogo e com vários atos de violência. E em 09 de abril de 1964,
com o Ato Institucional nº1, foi dado o poder ao Congresso Nacional escolher o
novo presidente, o general Humberto de Alencar Castelo Branco, dando inicio a
este período autoritário, violento e sombrio na história do Brasil.
Ao longo destes 21 anos de
ditadura no Brasil, muita gente foi torturada e assassinada, simplesmente por
se opor ao regime militar. Vários historiadores, pesquisadores, músicos,
poetas, artistas, políticos que viveram esta história, relataram tempos
macabros na história contemporânea no Brasil. Por isto, 31 de março, não é dia
de comemorar, mas sim refletir as ameaças a democracia, e o quanto o autoritarismo
eleva as desigualdades e a violência dos direitos humanos, sociais, políticos e
civis.
O professor, físico, músico,
poeta cordelista paulista Paulo Roxo Borja, publicou pela Cordéis Joseenses da
LABCOM/ UNIVAP, em 2014, o cordel Brasil é Democrático (Ditadura? Nuca mais!),
que reflete os impactos que a ditadura militar no Brasil entre 1964 a 1985
causou. Uma ótima leitura de reflexão para compreender que dia 31 de março não
tem nada para comemorar, e sim refletir que um governo extremista ditatorial
não representa de forma nenhuma a democracia e os direitos de um povo.
BRASIL É DEMOCRACIA (DITADURA? NUNCA MAIS!)
Por: Paulo Borges
Quando me pego
pensando
no Brasil que
havia antes,
quando muitos não
podiam
nem sequer ser
estudantes,
percebo, ao longo
da História,
mudanças
interessantes.
O Brasil, por
muito tempo,
reprimiu a
liberdade
de cidadãos que
buscavam
melhorar a
sociedade;
alguns partiram
pro exílio
ou pra
clandestinidade.
Na noite de duas
décadas,
muita gente
sucumbiu
por querer
democracia
aqui mesmo, no
Brasil.
Página triste da
História:
só não teme quem
não viu.
A verdade é uma
só:
foi cruel a
ditadura!
Tanto o povo
quanto artistas
foram alvo de
censura.
Pior: muito
brasileiro
foi vítima de
tortura.
Havia tensão
constante.
Figueiredo foi
falar
de abertura
democrática:
"vou prender
e arrebentar"
- era assim que se
expressava
Cordel: Brasil é Democracia (Ditadura? Nunca Mais!) - Paulo Borja |
presidente
militar...
Veio então
democracia:
a vida já
melhorava,
mas a velha
corrupção
ainda
continuava...
Investigações mais
sérias
o governo
engavetava.
Dezenas de
gravações:
compra de votos
provada.
Na onda da
reeleição,
privatização
errada:
a Vale valia muito
e se foi, de mão
beijada...
Para agradar
estrangeiros,
quiseram colocar
“X”
no nome da
Petrobras,
desrespeitando o
país,
mas o povo
protestou
e dessa vez foi
feliz.
No século XXI,
novidade
surpreendente:
o Brasil passou a
ter
o operário
presidente
que fez acordo com
muitos
e encarou outros
de frente.
Mudou o nosso
comércio:
estreitou, enfim,
contato
com los hermanos e
a África.
Sem fazer
espalhafato,
o nosso salário
mínimo
com ele cresceu de
fato.
Depois de ser
reeleito
com imensa
votação,
o seu governo
enfrentou
denúncias da
oposição
e a Justiça, até
sem provas (!?)
emitiu condenação.
Nós seguimos
sempre em frente;
não há
controvérsia nisso.
Nos problemas que
encontramos
não queremos
"dar sumiço":
encarar pra
resolver
é melhor que ser
omisso.
Quando enfim uma
mulher
assumiu a
presidência,
a Polícia Federal
mostrou grande
independência:
muitas
investigações,
transparência,
eficiência.
As Comissões da
Verdade
têm trazido
informação
sobre os
desaparecidos
nos tempos da
escuridão
que manchou a
nossa História
causando
consternação.
Cada passo é novo
estágio
para o
amadurecimento.
Os problemas do
passado
não se encerram
num momento,
mas a nossa
consciência
já tem encontrado
alento.
Quanto à inclusão
social,
não é mais
"alegoria":
temos hoje mais
emprego,
mais lazer e
moradia.
Falta, porém,
muito ainda
pra clarear nosso
dia.
Temos
universidades
muito boas,
afinal;
falta, porém,
melhorar
o ensino
fundamental
para assim
desenvolver
consciência
nacional.
Um problema grave
ainda:
o poder da grande
imprensa
nas mãos de poucas
famílias
- a distorção é
imensa.
Regulamentar a
mídia
será uma batalha
intensa!
Falta reforma
política,
uma importante
demanda;
lutar contra a
corrupção
(senão o país não
anda);
combater o
preconceito
- luta que nunca
foi branda.
Uma coisa é
evidente
pra mim, até por
demais:
ruas praças e
avenidas
nas casas e nos
quintais,
BRASIL É
DEMOCRACIA;
DITADURA NUNCA
MAIS!
BEZERRA,
Juliana. Ditadura Militar no Brasil (1964-1985).
IN.: TodaMatéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/ditadura-militar-no-brasil/.
Acessado em: 31/03/2019.
BORJA,.
Paulo R. Cordéis Joseense 51: Brasil é
Democracia (Ditadura? Nunca Mais!). IN.: Cordéis Joseense. Disponível em: http://cordeisjoseenses.blogspot.com/2014/11/cordel-joseense-51-brasil-e-democracia.html.
Acessado em: 31/03/2019.
MEMÓRIAS
DA POESIA POPULAR. Paulo Roxo Borja.
Disponível em: https://memoriasdapoesiapopular.com.br/tag/paulo-roxo-barja/.
Acessado em: 31/03/2019.
SÓ
HISTÓRIA. Ditadura Militar no Brasil.
Disponível em http://www.sohistoria.com.br/ef2/ditadura.
Acessado em 31/03/2019.
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