Hoje faz um ano que comecei este blog, e faz um tempinho que não
publico nada, mas não poderia ficar nesta data sem postar algo aqui. 12 de
Dezembro, data marcada pela emancipação da cidade de Taiobeiras, que faz 60
anos desde que a Lei Estadual nº1.039/1953 foi aprovada pelo Governador de
Minas Gerais da época, Juscelino Kubitschek.
Foto: A I Capela - Década de 1940 |
O Norte de Minas é marcado pelos tropeiros,
que pelas viagens longas por nas estradas desse território, foram formando acampamentos e pequenas vilas,
deixando suas marcas, na construção de um povo. Como nas terras de Vitoriano
Pereira Costa, Seu Vitorino do Bom Jardim. O Sítio Bom Jardim foi cenário de
acampamento de muitos tropeiros que passavam por ali, onde passavam duas
estradas que levavam aos principais municípios da região no final do século
XIX, como Montes Claros, Teófilo Otoni, Salinas, Pedra Azul, Minas Nova,
Araçuaí, Cachoeira do Pajeu, Francisco Sá (antigo Brejo das Almas) para o lado
de Minas, e para o lado da Bahia, cidades como Caculé, Mortugaba, Jacaraci,
Caetité, Jequié, Feira de Santana.
Foi assim que o Sítio Bom Jardim foi dando seus primeiros
passos em transformação em povoado, como relata na obra Taiobeiras: seus fatos históricos, de Avay Miranda. “Naquela época
havia costume de se construir capelas nas fazendas.” Onde o senhor Vitorino do
Bom Jardim, construiu uma pequena capela próximo ao entroncamento onde possuía
uma enorme árvore, onde foi encontrada uma pessoa morta. “Vitorino, então,
mandou cercar o local onde estava sepultado, formando-se, desta forma, o
primeiro cemitério da localidade, que ficava ao lado da capela.”
Nesse período, um tempo depois da construção da Capela e
do cemitério, no ano de 1875 com a vinda do “Padre Esperidião Gonçalves dos
Santos, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Rio Pardo, foi chamado
para benzer o cemitério, oportunidade que foi erguido o cruzeiro, em frente à
capela.” O Cruzeiro foi retirado do local no período de emancipação do
distrito, que com a urbanização a localidade se tornou a Praça Joaquim
Teixeira, em homenagem a um dos grandes fundadores de Taiobeiras. (MIRANDA.
1997: 28)
O Cruzeiro foi levado então para, onde hoje em sua
homenagem leva seu nome, o bairro Santos Cruzeiro, na Praça do Cruzeiro no qual
foi construída uma Capela ao lado de um Pequizeiro, tendo na proximidade um Cemitério,
simbolizando o antigo local de origem do Bom Jardim das Taiobeiras. Que carrega
no Cruzeiro um símbolo de seu povo, sua cultura.
Existem lugares onde as populações fixam
momentos e processos da trajetória histórica de suas sociedades, cujos sentidos
apontam para a existência de nexos dessas trajetórias com as suas identidades
coletivas. Tais lugares de memória, assim como informam especificidades identitárias,
também podem ser utilizados para conformar o imaginário social, em cuja
elaboração as sociedades definem-se e definem suas alteridades, assim como
organizam seu passado, presente e futuro. (COSTA. 216)
O Cruzeiro é um lugar de memória de
muitos taiobeirenses, como a Praça da Matriz com a Igreja da Matriz. O Mercado
Municipal que traz não só o lado cultural da cidade, mas o símbolo da economia
que gira entorno da produção rural. E a Capela de Nossa Senhora de Fátima que
traz um símbolo de fé aos católicos, mas também um símbolo arquitetônico e
postal, de modo geral, a todos taiobeirenses.
São todos símbolos de uma cidade, marcada ainda mais por
pessoas que aqui fizeram história, muitos deles não nascidos aqui, como José
Gonçalves Cordeiro, onde em entrevista no dia 21 de julho de 2013, tive a
oportunidade de ouvir um pouco da história deste baiano de Brumado que teve que
sair ainda novo de sua cidade pela necessidade, onde aprendeu o oficio de
padeiro do qual recebeu o apelido de Zé Padeiro. A mais de 50 anos que veio
para Taiobeiras, é um símbolo de tantos migrantes que representa o povo deste
município.
Foto: Liordino Alves |
Como o também baiano Liordino Alves, o Seu Dino (meu avô)
também é um destes migrantes, nascido em Condeúba - BA, teve que sair em
retirada ainda menino de sua terra natal. Depois de tantos lugares por onde
andou, encontrou em Taiobeiras o seu lugar. Típico sertanejo de fala firme e
direta, de gênero forte e ligado a terra, as plantas e os animais, também
figura o povo daqui. Como tantos nascidos ou não nesta terra, que tem orgulho
de dizer por onde for de onde veio ou onde se fez lugar de vida. Pessoas que
fazem parte do nosso lugar de memória, lugares que marcaram e marcam na
lembrança sentimento de pertencimento a esta cidade.
Taiobeiras chega aos seus 60 anos e com muitas histórias,
que espero aqui relatar algumas pelo menos. Histórias que passaram nesses 60
anos de emancipação, e até antes deste período, como muitas a serem contadas
daqui para frente. Assim menciona
Marileide Alves Pinheiro, em seu poema para Taiobeiras, Cidadezinha do meu
Coração, ao dizer os seguintes versos:
“Suas
ruas largas e compridas
Muitas histórias vão gravar
Nossos avôs, nossos pais e filhos
Sempre moraram neste lugar”
Muitas histórias vão gravar
Nossos avôs, nossos pais e filhos
Sempre moraram neste lugar”
Foto: Vista Panorâmica - Década de 1940-1950 |
Foto: Vista Panorâmica da cidade Século XXI |
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