12 de out. de 2015

Pastoral da Criança: símbolo da luta contra a mortalidade infantil.



Quando em 1983, na cidade de Florestópolis – PR, a médica sanitarista e pediatra Zilda Arns Neuman, com apoio do cardeal emérito, Dom Geraldo Majella Agnelo, na época Arcebispo de Londrina, deram inicio a Pastoral da Criança, não imaginavam ainda a dimensão de onde iria parar os trabalhos da Pastoral.
A Pastoral da Criança hoje se encontra em todos os estados brasileiros, além de 17 países espalhados pela África, Ásia e na America Latina e Caribenha. Tendo como principal missão, proporcionar qualidade de vida as crianças, preocupando assim com a saúde, nutrição, educação e formação cidadã. Orientando as famílias e a comunidade local, na busca da sua própria transformação.
Em 1992, no município de Taiobeiras – MG, a irmã Laudeci deu inicio aos trabalhos da Pastoral da Criança. Período em que a desnutrição e várias doenças na infância marcam com números negativos da mortalidade infantil no município. Segundo o censo 1991, a mortalidade infantil até 5 anos de idade, era de 34,4% por mil nascidos. Número que no último censo de 2010, se reduziu por metade, 17,1% por mil nascidos. Taxa abaixo da meta posta pelas Nações Unidas, que tem como objetivo no mundo todo ter a taxa de mortalidade infantil abaixo de 17,9% por mil nascidos em 2015.
Pessoas como Maria Ferreira, Marlene, Telina, Joana, Lourdes entre tantas outras que foram voluntárias, e até hoje continua com a missão da Pastoral da Criança no município, são símbolos da diminuição da mortalidade infantil em Taiobeiras e região.
Ações desde o combate a nutrição com acompanhamento de várias crianças, com balanceamento alimentar, utilizando de receitas caseiras orientadas pelos manuais da Pastoral, que serve como guia para a formação dos voluntários para orientação das famílias e comunidade.
Dona Maria e seu marido, Seu Quelé, em seu quintal.
Dona Maria Ferreira uma das pioneiras da Pastoral, vem até hoje realizando os trabalhos. Tem em seu quintal um laboratório de remédios caseiros, com grande variedade de plantas das quais já foram produzidos vários tipos de medicamentos caseiros, que ajudou várias crianças e demais pessoas da região. Hoje com a facilidade do acesso a remédios industrializados, a procura dos remédios caseiros diminuiu. Ela descreve a importância dos trabalhos da Pastoral da Criança teve e tem com várias crianças do município:
O trabalho nosso é de orientar as mães, fazer visita para falar como deve cuidar das crianças, com as farinhas e remédios caseiros. Farinha para cuidar das crianças desnutridas, que na época tinha muita criança desnutrida. Fazia muito trabalho comas mães para orientar elas com o cuidado com os meninos com anemia, com gripe e dos problemas respiratórios, isto com ajuda dos manuais, e isto todo mês, com isto fazendo a pesagem das crianças. E era mais que os remédios caseiros, orientava para fazer uma hortinha no quintal. Ensinava a plantar em um vazio de planta, mas eram poucas que faziam.
A importância era as crianças, que com a graça de Deus, muitas crianças foram recuperadas. Com as coisas da Pastoral, com as coisas naturais. Que naquele tempo quando começou as mães davam valor, porque era aqui a farmácia quando os meninos adoeciam. Hoje já não é tanto, acompanho quatro mães e crianças.

Dona Maria também descreve o sentimento deste trabalho que marcou a vida de várias famílias na luta pela vida de tantas crianças não só em Taiobeiras, mas em todo mundo:
Muitos têm aquele sentimento, tem um que toda vez que eu vejo ele fala: “olha esta mulher era aquela que ia lá em casa nos pesar. E a gente comia muita coisa, uma farinhazinha que ela fazia para nós comermos, para não ficarmos doentes”. Tem muitos que reconhece, e a gente sente feliz por isto. (MARIA FERREIRA, representante da Pastoral da Criança em Taiobeiras/MG).

O que começou com Zilda Arns e Dom Geraldo Majella, passando por voluntários como Maria Ferreira, teve efeitos positivos em 17 países em todo mundo. Sendo importante na vida de inúmeras crianças e suas famílias. Dados como o do Brasil da mortalidade infantil, que no inicio dos anos de 1990 era de 44,7% mortes até 5 anos de idade por mil nascidos vivos, cair para 16,7% por mil nascidos, tem muito haver com a atuação da Pastoral em todo país.
Como mencionou Zilma Arns, “Não se enganem. Uma gotinha de água no oceano faz, sim, muita diferença.” Pessoas como Dona Maria Ferreira fez a diferença na vida de muitas crianças a terem a simples oportunidade de viver.

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