12 de dez. de 2013

Taiobeiras e suas raízes: Seu povo, sua cultura.



Hoje faz um ano que comecei este blog, e faz um tempinho que não publico nada, mas não poderia ficar nesta data sem postar algo aqui. 12 de Dezembro, data marcada pela emancipação da cidade de Taiobeiras, que faz 60 anos desde que a Lei Estadual nº1.039/1953 foi aprovada pelo Governador de Minas Gerais da época, Juscelino Kubitschek.
Foto: A I Capela - Década de 1940
            O Norte de Minas é marcado pelos tropeiros, que pelas viagens longas por nas estradas desse território, foram  formando acampamentos e pequenas vilas, deixando suas marcas, na construção de um povo. Como nas terras de Vitoriano Pereira Costa, Seu Vitorino do Bom Jardim. O Sítio Bom Jardim foi cenário de acampamento de muitos tropeiros que passavam por ali, onde passavam duas estradas que levavam aos principais municípios da região no final do século XIX, como Montes Claros, Teófilo Otoni, Salinas, Pedra Azul, Minas Nova, Araçuaí, Cachoeira do Pajeu, Francisco Sá (antigo Brejo das Almas) para o lado de Minas, e para o lado da Bahia, cidades como Caculé, Mortugaba, Jacaraci, Caetité, Jequié, Feira de Santana. 
Foi assim que o Sítio Bom Jardim foi dando seus primeiros passos em transformação em povoado, como relata na obra Taiobeiras: seus fatos históricos, de Avay Miranda. “Naquela época havia costume de se construir capelas nas fazendas.” Onde o senhor Vitorino do Bom Jardim, construiu uma pequena capela próximo ao entroncamento onde possuía uma enorme árvore, onde foi encontrada uma pessoa morta. “Vitorino, então, mandou cercar o local onde estava sepultado, formando-se, desta forma, o primeiro cemitério da localidade, que ficava ao lado da capela.”
Nesse período, um tempo depois da construção da Capela e do cemitério, no ano de 1875 com a vinda do “Padre Esperidião Gonçalves dos Santos, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Rio Pardo, foi chamado para benzer o cemitério, oportunidade que foi erguido o cruzeiro, em frente à capela.” O Cruzeiro foi retirado do local no período de emancipação do distrito, que com a urbanização a localidade se tornou a Praça Joaquim Teixeira, em homenagem a um dos grandes fundadores de Taiobeiras. (MIRANDA. 1997: 28)
O Cruzeiro foi levado então para, onde hoje em sua homenagem leva seu nome, o bairro Santos Cruzeiro, na Praça do Cruzeiro no qual foi construída uma Capela ao lado de um Pequizeiro, tendo na proximidade um Cemitério, simbolizando o antigo local de origem do Bom Jardim das Taiobeiras. Que carrega no Cruzeiro um símbolo de seu povo, sua cultura.
Existem lugares onde as populações fixam momentos e processos da trajetória histórica de suas sociedades, cujos sentidos apontam para a existência de nexos dessas trajetórias com as suas identidades coletivas. Tais lugares de memória, assim como informam especificidades identitárias, também podem ser utilizados para conformar o imaginário social, em cuja elaboração as sociedades definem-se e definem suas alteridades, assim como organizam seu passado, presente e futuro. (COSTA. 216)

            O Cruzeiro é um lugar de memória de muitos taiobeirenses, como a Praça da Matriz com a Igreja da Matriz. O Mercado Municipal que traz não só o lado cultural da cidade, mas o símbolo da economia que gira entorno da produção rural. E a Capela de Nossa Senhora de Fátima que traz um símbolo de fé aos católicos, mas também um símbolo arquitetônico e postal, de modo geral, a todos taiobeirenses.
São todos símbolos de uma cidade, marcada ainda mais por pessoas que aqui fizeram história, muitos deles não nascidos aqui, como José Gonçalves Cordeiro, onde em entrevista no dia 21 de julho de 2013, tive a oportunidade de ouvir um pouco da história deste baiano de Brumado que teve que sair ainda novo de sua cidade pela necessidade, onde aprendeu o oficio de padeiro do qual recebeu o apelido de Zé Padeiro. A mais de 50 anos que veio para Taiobeiras, é um símbolo de tantos migrantes que representa o povo deste município.
Foto: Liordino Alves
Como o também baiano Liordino Alves, o Seu Dino (meu avô) também é um destes migrantes, nascido em Condeúba - BA, teve que sair em retirada ainda menino de sua terra natal. Depois de tantos lugares por onde andou, encontrou em Taiobeiras o seu lugar. Típico sertanejo de fala firme e direta, de gênero forte e ligado a terra, as plantas e os animais, também figura o povo daqui. Como tantos nascidos ou não nesta terra, que tem orgulho de dizer por onde for de onde veio ou onde se fez lugar de vida. Pessoas que fazem parte do nosso lugar de memória, lugares que marcaram e marcam na lembrança sentimento de pertencimento a esta cidade.
Taiobeiras chega aos seus 60 anos e com muitas histórias, que espero aqui relatar algumas pelo menos. Histórias que passaram nesses 60 anos de emancipação, e até antes deste período, como muitas a serem contadas daqui para frente.  Assim menciona Marileide Alves Pinheiro, em seu poema para Taiobeiras, Cidadezinha do meu Coração, ao dizer os seguintes versos:
“Suas ruas largas e compridas
Muitas histórias vão gravar
Nossos avôs, nossos pais e filhos
Sempre moraram neste lugar”
Foto: Vista Panorâmica - Década de 1940-1950

Foto: Vista Panorâmica da cidade Século  XXI

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