8 de abr. de 2017

Impactos do povoamento da Comunidade da Mutuca em Taiobeiras - MG

Em 2016, tive a oportunidade de junto com minha companheira Nayara Dias de Assis, fazermos uma análise dos impactos na comunidade da Mutuca, onde temos grande proximidade, e publicarmos nosso trabalho no V Congresso em Desenvolvimento Social organizado pelo  PPGDS-UNIMONTES. 

Nayara Dias de Assis; 
Rafael Alves de Oliveira 

Os chacreamentos, ou, parcelamento de solo nas áreas rurais vêm sendo crescentes na última década. Onde cada vez mais pessoas buscam ter um local de descanso afastado das áreas urbanas constituindo uma segunda residência no qual possa ter maior contato com a natureza, uma fuga para lazer, além do desfruto de maior espaço, e menor contato possível com os desconfortos provocados pelas áreas urbanas. Dentro deste deslocamento de pessoas, sendo apenas em finais de semana, ou também, em casos de mudanças definitivas de moradias de localidade urbanas para rurais, traz em questão conceitos como êxodo urbano e rurbanização, que provocam interações socioambientais significativas.  A migração pendular e sazonal de pessoas, antes em áreas urbanas, para as áreas rurais, induz a várias situações de impactos sociais e ambientais que podem ser diretos ou indiretos, tais como: desmatamento de plantas nativas para dar lugar a construção de casas, quadras e piscinas, introdução de alimentos industrializados e aparelhos eletrônicos, poluição sonora e luminosa, torna-se também um atrativo para empreendimentos voltados a exploração dos recursos naturais.  Tendo em questão o processo de rurbanização, conceito que traz a analise da transformação do meio rural, a partir das influências urbanas. Com isto, parte da analise deste trabalho, compreender os impactos do povoamento da comunidade rural da Mutuca, no município de Taiobeiras – MG. Tende como objetivo perceber e compreender o quanto o processo de chacreamento ocorrido na localidade, provocou mudanças das características físicas e sociais desta área. Trazendo desta forma uma reflexão dos impactos ambientais e físicos ocorrente na comunidade da Mutuca, a partir de entrevista realizada com moradores mais antigos e lideres comunitários, coleta de dados geográficos, fotográficos, sensoriamento remoto e, consulta em bibliografias que citam de forma objetiva os conceitos citados.
Palavras-chave: chacreamento; impacto social; impacto ambiental; rurbanização

3 de fev. de 2017

Comunicadores do Vale: um relato de vivências.

III Encontro dos Comunicadores do Vale - Jequitinhonha/MG - 2014
A comunicação faz parte da natureza de todos os seres vivos, seja por gestos, seja por aroma, pela escrita, desenho ou som. Todos os seres, principalmente nós seres humanos, necessitamos nos comunicarmos, como um extinto de sobrevivência. Inclusive diante esta necessidade, evoluímos nossas formas de comunicarmos, de chegarmos ao outro, muitas vezes de forma positiva, mas também em muitas vezes, de forma negativa. A comunicação une ou desune, promove paz ou guerra, amor ou ódio, ou seja, a arte de comunicar, é uma faca de dois  gumes, precisamos saber de qual lado desta faca estamos, precisamos perceber a importância de usar dos instrumentos de comunicação, para defendermos o que compreendemos que seja certa, mas antes é preciso buscar compreender o que é o certo.
Em 12 de dezembro de 2012, me aventurei ao desafio de blogueiro, com dois objetivos: falar sobre minhas raízes, minha cidade de Taiobeiras-MG, e meu sertão mineiro; e desenvolver minha escrita. A partir deste hobby, recebi um convite, participar de um encontro cheio de comunicadores de tudo que é lado do  Vale do Jequitinhonha. Era o 3º Encontro dos Comunicadores do Vale, o ano era 2014, a cidade Jequitinhonha.
Um longo caminho, saindo de Taiobeiras, passando por Salinas, Araçuaí, Itaiobim, acompanhado pelo rio Jequitionha, até a cidade de Jequitionha, terra do artesão Léo, que destaca o povo do vale em suas obras de barro. Terra da cachaça Jequitionha, da Igreja com traços da arquitetura holandesa. Da ponte estreita (foto ao lado) que ilustrou a caminhada que estava por vim diante ao Encontro dos Comunicadores do Vale, onde pude começar a me indagar e buscar respostas sobre a importância e o poder da comunicação.
Ponte no Rio Jequitionha -
Jequitinhonha/MG - 2014
O primeiro encontro a gente nunca esquece. E fez me vê e sentir, no meio de tantos novos amigos que ali começou a amizade, que eu fazia parte dos Comunicadores do Vale do Jequitionha. E perceber que dentro das faces que a comunicação exerce, estava diante a que me senti melhor. A dos comunicadores que não estavam ali para reproduzir o que a grande mídia faz, e sim trazer alternâncias, trazer o olhar, a voz e o valor dos oprimidos diante os grandes meios de comunicação. Trazer a realidade e dialogar com o povo na linguajar do próprio povo.
E inspirado ao Paulo Freire quando disse que “é fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.” A experiência no Encontro dos Comunicadores do Vale, promoveu não só minha ida ao 4º Encontro, em janeiro de 2015 na cidade de Pedra Azul, mas a proliferação de mais participantes de Taiobeiras no encontro. E cada vez mais próximo e mais a vontade na participação deste evento, que promove além de um discurso politico sobre os meios de comunicação alternativos, populares e de luta, como a promoção de políticas públicas a juventude que em  massa participa do encontro, tendo a oportunidade de desenvolver com o contado a universidade, com a parceria da Universidade Federal de Minas Gerais, e o contato de grandes comunicadores de todas as áreas, a tantos intelectuais populares como o historiador Luís Santiago, que pude aprender tanto na praça onde o Bicho de Pedra Azul virou lenda, e que tomo os versos de sua obra Quarenta e duas peças poéticas:
Também com as frutas, tão longo
percebem vingando os troncos
e já conta com as forças próprias,
vão aos astros rapidamente,
luzindo por si sós, sem pedir
o nosso trabalho.
E nestes versos que refiro o que vi e vivi no passar dos ECV, a evolução e fortalecimento do grupo, sempre aparecendo mais um companheiro que busca levantar a bandeira de uma comunicação popular, um comunicação que dialogo de fato com o povo, mesmo com a grande dificuldade enfrentada pela opressão da indústria cultual, do consumismo midiático promovido pelas grandes mídias.
O 5º Encontro, o meu terceiro, fui ainda mais fortalecido, com a juventude que me acompanhou e com meu amadurecimento político e social no valor enquanto um comunicador do vale. Medina marcou não só mais uma edição do ECV, mas um momento de reflexão com a pauta mais importante, a construção da Carta dos Comunicadores, marco político do encontro, levando a voz dos comunicadores populares do vale do Jequitionha dentro da formalidade e da relevância do encontro.
Novamente me referindo ao pensador Paulo Freire, “ninguém liberta ninguém. As pessoas se libertam em comunhão”. E nesta comunhão criada pelo ECV, nos promovemos a nos libertar, e buscar nos meios da comunicação da alternância, sentir as correntes que nos prende e buscar assim, caminhos de mídias populares alternativas, que dialogue com a população e tragam ideias novas, tanto para o Vale do Jequitionha que tantas vezes é inferiorizado para todos que são oprimidos pela opressão das grandes mídias de comunicação.
Relatar as experiências vividas ao longo dos Encontros dos Comunicadores do Vale fortalece a importância destes momentos, e fortalecendo a identidade enquanto comunicadores populares, voltados a realidade do meio que estamos, não deixado de destacar o lado que estamos diante os meios de comunicação e nosso papel social diante isto.
O 6º Encontro dos Comunicadores do Vale na cidade de Cachoeira de Pajeú - MG, foi mais um grande momento do fortalecimento do grupo, dando incio da autonomia e das novas experiências a serem vividas por nós que construímos o ECV, diante a identidade regional, e a formação política enquanto um comunicador das mídias alternativas. 
VI Encontro dos Comunicadores do Vale - Cachoeira de Pajeú - 2017
 Enquanto educador e pesquisador trago a reflexão da relevância aos comunicadores, principalmente a juventude que participa do encontro, do aprendizado não só das oficinas mas dos conflitos de ideias promovidos nos debates durante o evento. E enquanto um comunicador de mídia alternativa, percebo a importância da evolução do meu trabalho diante estas vivencias.

Ser comunicador do vale, é saber a importância do meu papel social, dos desafios e lutas a serem enfrentadas, e de buscar sempre afirmar de que lado diante os lados que os meios de comunicação oferece, e levar as experiências vividas nos caminhos que for, e sempre se identificar como agente transformador do seu meio.


6 de jan. de 2017

Folia de Reis: tradição e sincretismo religioso

A festividade tradicional, que veio nas caravelas, mas na ruralidade do sertão, na mistura da negritude quilombola, do caboclo do campo, a Folia de Reis se dá.

As Camponesas e Terno de Reis - 2014. 
No dia 25 de dezembro, enquanto o mundo celebra o Natal, grupo de foliões, com sua viola, sanfona, pandeiro, triângulo (no caso do norte de minas), sobe aplausos que acompanham as músicas, os ternos assim conhecidos as os grupos de Folias de Reis, começam seus festejos que se estendem até o dia dos Três Reis Magos, no dia 6 de Janeiro.
Esta festa de origem portuguesa está espalhada em todo o Brasil, misturada nas crenças católica, umbanda e candomblé, um exemplo do sincretismo religioso brasileiro, presentes nas comunidades tradicionais quilombolas, ribeirinhas, sertanejas, caipiras, geiraizeiras.
No norte de Minas Gerais, a Folia de Reis é um símbolo cultural da ruralidade sertaneja do geiraizeiro. Em todos os municípios pequenos grupos resistem com a tradição de festejar aos Santos Reis, esta data que torna tão importante aos Ternos de Reis, quanto o Natal.
No município de Taiobeiras – MG, a tradição ainda permanece, apesar que ao passar dos anos, a tradição perdeu espaço, mas grupos culturais e antigos membros dos ternos tradicionais, se juntaram para dá a continuidade desta festa que promove mais do que um ato de fé e louvor aos Santos Reis.
A Folia de Reis, que tem no município um dos seus principais símbolos culturais, tem como uma de suas figuras mais representativa o Senhor José Diniz de Amorim, o Juca Grosso, que deu continuidade as tradições de seu pai José Clemente de Amorim, o José Grosso, um dos pioneiros dos Ternos de Reis tradicionais de Taiobeiras, ao lado de Chiquim Cocá, Zeferino Pé Riscado e Zé de Vina, que deram inicio a uma tradição, carregada até hoje por seus familiares.
Presépio Municipal de Taiobeiras - MG
Até os anos 1990, havia muita rivalidade entre estas famílias e os Ternos no qual carregava suas bandeiras. Porém nas ultimas décadas, com o enfraquecimento da tradição, muitos grupos se uniram, ou acabaram. Hoje com o incentivo de grupos culturais, como As Camponesas, e foliões de diversas origens, a Festa de Reis é ainda celebrada. Com novenas realizadas nas casas da população, sempre enfrente a um presépio com a presença do menino Jesus. Encerrando no presépio municipal, na praça da Matriz com a avenida da Liberdade.
Muito se mudou, mas a essência das Folias de Reis ainda existe, de celebrar a vinda do menino Jesus, e a confraternidade com os amigos e familiares, a esperança marcadas com muita música, dança, comidas e alegria.

Canções de Folia de Reis - As Camponesas - 2014.


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