1 de jan. de 2019

Canto Poético: Liberdade.

A poesia não só expressa os sentimentos, mas também posicionamentos políticos, filosófico e ideológico. São assim as poesias do político e escritor baiano Carlos Maringuella, como um das suas maiores poesias, Liberdade, onde o poeta nos faz refletir períodos de governos autoritários no Brasil República. 

Calos Maringuella
Em 5 de dezembro de 1911 nascia na cidade de Salvador – BA, Carlos Maringuella, filho de um imigrante italiano com uma filha de africanos do Sudão, escravizados no Brasil Império. E que nos anos de 1934 ingressou na política dentro do Partido Comunista Brasileiro, onde na cidade do Rio de Janeiro se colocou junto ao partido em oposição ao autoritarismo do primeiro governo Vargas.
Durante o período democrático nas décadas de 1940 a 1960, Maringuella se tornou deputado, e fez frente a posição esquerda marxista no Brasil. E em 1964 com o golpe de Estado pelos militares, Maringuella se tornou um dos maiores opositores da ditadura militar instaurada no Brasil, e ao mesmo tempo um dos mais perseguidos políticos pelo regime autoritário na época. Sendo assassinado em 1969 por uma emboscada feita pelos militares para executá-lo.
Maringuella não foi só reconhecido pela sua atuação política, mas também por suas obras literárias, principalmente seus poemas, que traziam uma reflexão crítica filosófica e política. Um dos seus grandes poemas, Liberdade, o poeta relata períodos autoritários que marcaram o cenário político brasileiro, deixando um sentimento e busca por algo que não era permitido, a Liberdade. O poeta nos provoca entender as marcas do fascismo que marcou o Brasil tanto no governo Vargas do Estado Novo, quanto do regime militar nas décadas de 1960 a 1980.

LIBERDADE
Por: Carlos Maringuella.

Não ficarei tão só no campo da arte,
Carlos Maringuella
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.

REFERÊNCIAS.
MARIGHELLA, Carlos. Liberdade. In: Poemas: rondó da liberdade. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.

REVISTA PROSA VERSO E ARTE. Carlos Maringuella – poemas. Disponível em: https://www.revistaprosaversoearte.com/carlos-marighella-poemas/. Acessado em: 01/01/2019.

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