Em 1979, o músico mineiro Zé Geraldo gravou a canção Cidadão, do compositor baiano Lúcio
Barbosa, e que ficou conhecida na voz do músico paraibano Zé Ramalho. Uma
canção que fala de um migrante que saiu do sertão para a busca de oportunidades
na cidade grande, mas que sentiu na pele o preconceito e a desigualdade. Um
retrato dos trabalhadores que saem de seu lugar de origem no sonho de uma vida
melhor.
Em 1978, Zé Geraldo, cantor e compositor do Vale do Rio Doce, Minas
Gerais, conheceu o compositor baiano Lúcio Barbosa, que apresentou uma de suas
obras, a canção Cidadão. Que anos
depois seria uma das grandes canções da música popular brasileira, interpretada
por grandes artistas como o cantor e compositor, Zé Ramalho.
Zé Geraldo logo que ouviu a canção ficou encantado, e em parceria com
Lúcio, gravou a canção em 1979, no álbum Terceiro
Mundo. Embalava assim o primeiro, e maior sucesso de Zé Geraldo. Anos
depois, em 1992, no álbum Frevoador,
Zé Ramalho também gravou a canção, sendo grande sucesso.
A canção traz um personagem real, no qual Lúcio Barbosa quis homenagear,
seu tio que era pedreiro, e saiu do sertão baiano para tentar a vida nas granes
metrópoles onde começaram a desenvolver-se durante as décadas de 1970.
Lúcio Barbosa |
O sucesso desta canção, se dá diante a identidade das migrações internas
no Brasil, da exploração da mão-de-obra, e as relações de desigualdades sociais
e oportunidades presentes principalmente em grandes capitais. Onde muitos se
colocam nesta realidade, ou observam ao seu entorno casos reais.
Confira abaixo a Canção:
Cidadão
Compositor: Lúcio Barbosa/
Cantor: Zé Ramalho.
Tá
vendo aquele edifício, moço?
Ajudei
a levantar
Foi
um tempo de aflição
Eram
quatro condução
Duas
pra ir, duas pra voltar
Hoje
depois dele pronto
Olho
pra cima e fico tonto
Mas
me vem um cidadão
E
me diz, desconfiado
Tu
tá aí admirado
Ou
tá querendo roubar?
Meu
domingo tá perdido
Vou
pra casa entristecido
Dá
vontade de beber
E
pra aumentar meu tédio
Eu
nem posso olhar pro prédio
Que
eu ajudei a fazer
Tá
vendo aquele colégio, moço?
Eu
também trabalhei lá
Lá
eu quase me arrebento
Fiz
a massa, pus cimento
Ajudei
a rebocar
Minha
filha inocente
Vem
pra mim toda contente
Pai,
vou me matricular
Mas
me diz um cidadão
Criança
de pé no chão
Aqui
não pode estudar
Essa
dor doeu mais forte
Por
que é que eu deixei o norte?
Eu
me pus a me dizer
Lá
a seca castigava
Mas
o pouco que eu plantava
Tinha
direito a comer
Tá
vendo aquela igreja, moço?
Onde
o padre diz amém
Pus
o sino e o badalo
Enchi
minha mão de calo
Lá
eu trabalhei também
Lá
foi que valeu a pena
Tem
quermesse, tem novena
E
o padre me deixa entrar
Foi
lá que Cristo me disse
Rapaz
deixe de tolice
Não
se deixe amedrontar
Fui
eu quem criou a terra
Enchi
o rio, fiz a serra
Não
deixei nada faltar
Hoje
o homem criou asa
E
na maioria das casas
Eu
também não posso entrar
Fui
eu quem criou a terra
Enchi
o rio, fiz a serra
Não
deixei nada faltar
Hoje
o homem criou asas
E
na maioria das casas
Eu
também não posso entrar
REFERÊNCIAS:
LETRA
TERRA. Cidadão – Zé Ramalho.
Disponível em: https://www.letras.mus.br/ze-ramalho/75861/.
Acessado em: 22/09/2018.
LEITÃO.
R. “CIDADÃO” de Lúcio Barbosa. IN.: RECANTO
DAS LETRAS. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/analise-de-obras/6162120.
Acessado em: 22/09/2018.
ZÉ
RAMALHO. Discos: Frevoador. Disponível
em: http://www.zeramalho.com.br/sec_discografia_view.php?id=11.
Acessado em: 22/09/2018.
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