25 de jul. de 2018

Espaço Musical: Tereza de Benguela – Uma Rainha Negra no Pantanal.

25 de julho é comemorado no Brasil, o Dia Nacional da Mulher Negra, em homenagem a uma grande mulher que representou a luta pela liberdade dos povos africanos e afro-brasileiros da escravidão no Brasil durando o século XVIII, esta mulher era Teresa de Benguela. A luta do povo negro contra a opressão ainda é presente, diante a desigualdade e a violência social principalmente sobre a Mulher Negra. Assim este dia é um dia representativo de refletir esta luta e os problemas sociais diante a discriminação étnica-racial. Em 1994, a Escola de Samba Unidos do Viradouro – RJ, teve em homenagem a Tereza, o samba-enredo Tereza de Benguela – Uma Rainha Negra no Pantanal.

Tereza de Benguela
Em 25 de julho de 2014, foi decretado por lei o Dia Nacional da Mulher Negra no Brasil. Esta data foi simbolizada com a figura de Tereza de Benguela, uma Rainha Africana que foi escravizada no Brasil no século XVIII, e que junto com seu esposo José Piolho, lideraram o Quilombo do Quariterê, no Vale do Guaporé, no Pantanal do Mato Grosso. E após a morte de seu esposo, liderou sozinha mais de 100 quilombolas, com maioria negros, além de mestiços e indígenas.
O Quilombo do Quariterê, forte na produção de algodão, no qual se produzia tecidos, de feijão, mandioca, banana, entre outros cultivos. Tinha como forma de organização o sistema parlamentar, segundo documentos de Vila Bela no ano de 1770:
Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entravam os deputados, sendo o de maior autoridade, tido por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais. Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executavam à risca, sem apelação nem agravo. (Anal de Vila Bela do ano de 1770).
Em 1770, a Colônia Portuguesa capturou Tereza, e a matou como forma de tirar o poder da resistência negra contra a escravidão. O Quilombo do Quariterê resistiu até o ano de 1795, quando foi totalmente destruído. Mas a figura de Tereza se tornou um símbolo de resistência, principalmente da Mulher Negra. Assim a homenagem no Dia 25 de julho sendo referente a Mulher Negra tem como símbolo Tereza de Benguela. “É preciso criar um símbolo para a mulher negra, tal como existe o mito Zumbi dos Palmares. As mulheres carecem de heroínas negras que reforcem o orgulho de sua raça e de sua história” (SLHESSARENKO, 2014).
Unidos do Viradouro - 1994 - Homenagem a Tereza de Benguela
Em 1994, 10 anos antes da Lei 12987/2014, que decretou do Dia Nacional da Mulher Negra, a Escola de Samba Unidos do Viradouro, da cidade de Niterói – RJ, terminou em 3º lugar com o samba-enredo Tereza de Benguela: uma Rainha Negra no Pantanal, trazendo a história desta mulher que se tornou um símbolo da luta da Mulher Negra no Brasil e América Latina, e da resistência a opressão do povo afro-brasileiro.
A relevância desta data, não envolve um dia de comemoração, mas um dia de reflexão dos problemas da desigualdade e violência simbólica marcada pelas questões étnicas-raciais. Onde a mulher, especificamente a mulher negra, dentro das estratificações sociais brasileiras, é a que mais se encontra em precariedades e vulnerabilidades. Desde as oportunidades de ensino e ingresso ao mercado de trabalho, aos problemas da violência e exploração.

Confira abaixo a Canção:
Tereza de Benguela: uma Rainha Negra no Pantanal,
Compositor/Cantor: Unidos do Viradouro

Amor, amor, amor...
Sou a viola de cocho dolente
Vim da Pérsia, no Oriente
Para chegar ao Pantanal
Pela Mongólia eu passei
Atravessei a Europa medieval
Nos meus acordes vou contar
A saga de Tereza de Benguela
Uma rainha africana
Escravizada em Vila Bela
O ciclo do ouro iniciava
No cativeiro, sofrimento e agonia
A rebeldia, acendeu a chama da liberdade
No Quilombo, o sonho de felicidade

Ilê Ayê, Ara Ayê Ilu Ayê
Um grito forte ecoou (bis)
A esperança, no quariterê
O negro abraçou

No seio de Mato Grosso, a festança começava
Com o parlamento, a rainha negra governava
Índios, caboclos e mestiços, numa civilização
O sangue latino vem na miscigenação

A invasão gananciosa, um ideal aniquilava
A rainha enlouqueceu, foi sacrificada
Quando a maldição, a opressão exterminou
No infinito uma estrela cintilou

Vai clarear, oi vai clarear
Um Sol dourado de Quimera (bis)
A luz de Tereza não apagará
E a Viradouro brilhará na nova era

REFERÊNCIAS:
LETRA TERRA. Tereza de Benguela: Uma Rainha Negra no Pantanal – Unidos do Viradouro. Disponível em: https://www.letras.mus.br/unidos-do-viradouro-rj/474145/. Acessado em: 24/07/2018.

GELEDÉS. As origens do Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha. Disponível em: https://www.geledes.org.br/as-origens-do-dia-da-mulher-negra-latina-e-caribenha/. Acessado em: 24/07/2018.

GELEDÉS. Tereza de Benguela, uma heroína negra. Disponível em: https://www.geledes.org.br/tereza-de-benguela-uma-heroina-negra/. Acessado em: 24/07/2018.

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