A história de Minas Gerais é
marcada pela exploração de minérios, ouro, o diamante o ferro, são símbolos da
riqueza das Minas. Mas está história deixa de lado o outro lado do Estado, os
Gerais, o sertão mineiro, do Rio São Francisco, Pardo e Jequitinhonha. Que pela
desigualdade social presente nas mesorregiões do Norte de Minas, Vale do
Jequitinhonha e Mucuri, foi injustamente titulada como lugar da miséria. E quando
digo injusta, é porque os Gerais faz parte de uma grande riqueza de capital
social e cultural. E que mesmo com as dificuldades encontradas por estar em uma
região semiárida, não deixa de ser uma região de potencial produtivo no setor agrícola.
Igreja N.S. da Conceição - Matias Cardoso - MG |
No dia 08 de Dezembro, em
homenagem a mais velha cidade do território mineiro, Matias Cardoso (antigo
povoado de Morrinhos) que surgiu por meados da década de 1660, foi titulado
como o Dia das Gerais. Uma forma de homenagear o outro lado do Estado, do povo
Geraizeiro, que tem o rural como símbolo de sua cultura, e que são:
Bons conhecedores
do Cerrado e das suas espécies, os geraizeiros são populações tradicionais que
se adaptaram com sabedoria às características do bioma e às suas possibilidades
de produção. Assim, garantem a subsistência familiar e comunitária ao longo do ano
por meio do plantio de lavouras diversificadas como milho, feijão, mandioca,
frutas e verduras. Os produtos que sobram são comercializados em comunidades
vizinhas ou em feiras, beneficiados ou in natura. A criação de animais
“na solta” também minimiza os custos e obedece a uma lógica secular que
reconhece a capacidade da natureza de alimentar os seus rebanhos. (CERRATINGA – Geraizeiros: Homens e
Mulheres do Cerrado).
Ser Geraizeiro é questão de
identidade, de pertencimento. Entra a questão das relações sociais, dos hábitos,
da vida cotidiana, que este último como menciona Netto e Carvalho (2011) “é
aquela vida dos mesmos gestos, ritos e ritmos de todos os dias”. Sendo estes fatores
relacionados com a construção da identidade do sujeito. Onde tal identidade é relacionada com uma raiz
de uma planta, onde dependendo da espécie do vegetal, suas raízes têm
diferentes formas, onde umas se encontram mais profundas e fixas, e outras
rasas e soltas.
Igreja da Matriz - Taiobeiras - MG |
O taiobeirense tende a ter
como a planta que originou o nome do município de Taiobeiras, no sertão
mineiro, raízes fixas, mas não ricas em nutrientes, e sim em identidade com
sua naturalidade. Claro que como reflete Hall (2011), onde o sujeito diante da
ideia de um mundo pós-moderno, “assume identidades diferentes em diferentes
momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente”. Mas
mesmo que esta raiz geraizeira não seja a mesma, ela está presente por todo
este sertão mineiro, inclusive em Taiobeiras, cidade muitas vezes destacada na
região como um “lugar diferente” dos outros aqui presentes.
TAIOBEIRAS
Por: Zazau
Taiobeiras eu fico triste
somente em pensar
que um dia eu voltarei
para nunca mais voltar.
Mais comigo vai saudades
o fim dos sonhos meu
vai o brilho da estrelas
deste céu que e só teu.
Vai saudades do Tocão
das pedras da usina
da barragem lá de baixo da
barragem lá de cima
de igrejinha na beira do
asfalto do jardim
da praça da matriz
da rua grande na rua nova das
ruas com chafariz
das belas festas juninas da
multidão de fogueiras
fazendo da minha taioba um
chão cheio de estrelas.
Vai saudades da festa de maio
das barraquinhas cobertas de
pindoba
ai quanta saudade vou levar de
você minha taioba.
Vai saudades dos jogos de
futebol
que mudavam nosso clima
quando se defrontavam JK,
ATE e Mina
Taiobeiras sei que vou partir
mais creia que vou em paz
pois sei que tu Taiobeiras não
me esqueceras jamais.
Referência:
CERRATINGA.
Geraizeiro: homens e mulheres do cerrado.
Disponível em: http://www.cerratinga.org.br/populacoes/geraizeiros/.
Acessado em 12 de outubro de 2014.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade.
Tradução Tomás Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. 6. ed. Rio de Janeiro:
DP&A, 2001.
NETTO, J.P; CARVALHO, M.C. Brant. Cotidiano: conhecimento e crítica. 9. ed. São Paulo, Cortez, 2011.
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