A musicalidade de Luiz Gonzaga é reconhecida não só no Brasil,
mas em todo mundo, o Baião se tornou um patrimônio da música brasileira, e até
no berço do samba o Baião foi reverenciado.
A imagem definitiva do sertanejo - Sertão Gonzaga |
Neste momento não só
começava a história de músico famoso de Gonzaga, mas mostrava a diversidade da
musicalidade brasileira. Como relata o Diário de Pernambuco, na homenagem aos
100 anos de Luiz Gonzaga:
Na década de 1940
os programas de calouros nas rádios estavam no auge. O nacionalismo de Getulio
Vargas incentivava a descoberta de uma música genuinamente brasileira.
Carismático e inovador, trazendo um ar de Sertão para os migrantes no Sudeste,
Luiz Gonzaga se transformou em um fenômeno musical. No Rio de Janeiro, morou
grande parte da vida no morro de São Carlos, no bairro do Cachambi e na Ilha do
Governador. Tinha pela cidade um carinho e uma gratidão que foram expressos do
jeito que ele sabia: em forma de música. (SERTÃO GONZAGA, DIÁRI DE PERNAMBUCO,
2012.)
Diante esta relação com o Rio de Janeiro, surge uma
homenagem ao santo padroeiro da cidade, São Sebastião, comemorado no dia 20 de
Janeiro, com a canção Baião de São Sebastião, com a letra do grande parceiro do
Reio da Baião, Humberto Teixeira. A canção demonstra a grande relação do inicio
das grandes migrações entre as décadas de 1940 e 1950, do povo nordestino a
cidade do Rio de Janeiro, e a história do baião nordestino de Gonzaga e
Teixeira na cidade do samba.
Confira
abaixo a canção:
Baião de São Sebastião
Cantor:
Luiz Gonzaga
Letra:
Humberto Teixeira
Vim
do Norte
O
quengo em brasa
Fogo
e sonho do sertão
E
entrei na Guanabara
Com
tremor e emoção
Era
um mundo todo novo
Diferente
meu irmão
Mas
o Rio abriu meu fole
E
me apertou em suas mãos
Ê
Rio de Janeiro
Do
meu São Sebastião
Pára
o samba três minutos
Pra
cantar o meu baião
Ai
meu São Sebastião
Te
ofereço este baião
No
começo eu tive medo
Muito
medo meu irmão
Mas
olhando o Corcovado
Assusseguei
o coração
Se
hoje guardo uma saudade
É
enorme a gratidão
E
por isso Rio amigo
Te
ofereço este baião
A data de 20 de janeiro foi até o século XIX, considerado
o aniversário da cidade do Rio, por conta da Batalha de Uruçumirim de 1567, onde
portugueses aliados com indígenas, expulsaram os franceses e seu projeto da criação
da França Antártica (história relatada no filme Rio Vermelho do diretor estadunidense
Howard Hawks).
Apesar da relevância batalha na história do surgimento do
Rio de Janeiro, que nesta época se chamava São Sebastião do Rio de Janeiro, nas
margens da Baía de Guanabara, a data que
marca a fundação da cidade do Rio é dois anos antes, o dia 1º de março de 1965,
com a chegada do militar Estácio de Sá. Mas como afirmar o diretor do Arquivo
Público do Rio de Janeiro, Paulo Knauss:
O 20 de janeiro
também é um marco importante do ponto de vista político. Agora, é uma data
bélica. No século 19 ela foi celebrada. A Alteração reflete uma mudança de
pensament: substituí-se um feito militar por um momento de construção da
civilização. Há claramente uma inflexão na forma de pensar a fundação da
cidade, uma nova leitura do passado. Relato de Knauss diretor do Arquivo
Público do Rio, para a Folha de São Paulo em 2017.
REFERÊNCIAS:
SERTÃO GONZAGA. O samba deu vez ao baião. Disponível em: http://hotsites.diariodepernambuco.com.br/2012/gonzaga/materia10.shtml. Acessado em 19/01/2018.
TERRA. Adriano. Aniversário do Rio é 20 de Janeiro ou 1º de Março? IN: FOLHA DE SÃO PAULO. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/03/1862700-aniversario-do-rio-e-em-20-de-janeiro-ou-1-de-marco-entenda.shtml. Acessado em 19/01/2018.
MULTI RIO. A batalha de 20 de janeiro de 1567: entre flechas e chamas. Disponível em: http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/rio-de-janeiro/50-a-cidade-do-rio-de-janeiro-sob-a-%C3%B3rbita-de-portugal/2427-a-batalha-de-20-de-janeiro-de-1567. Acessado em 19/01/2018.
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