A poesia do
chileno Pablo Neruda ela marca a história de lutas e de combate a opressão na América
Latina. O poeta Nobel de Literatura em 1971, recebido dois anos antes de sua
morte, após o golpe militar imposto pelo ditador Pinochet. Neste mês em que
Neruda comemoraria 95 anos (12 de julho), é o mês que se reflete no Brasil o
Dia dos Povos Oprimidos, uma data para rever as desigualdades, descriminações e
exclusões sofridas por parte da população não só brasileira, mas de toda
América Latina. É também um dia de fortalecer as lutas destes povos, que como
na poesia de Neruda Eu Não Me Calo.
Em 19 de julho o Brasil
reflete com o Dia dos Povos Oprimidos. Um dia para debater como em pleno século
XIX os resultados da opressão de diversos povos no século XVI, no inicio da
colonização europeia no Brasil e em todas as Américas, ainda surte efeito, como
a discriminação étnico-racial, as exclusões e as desigualdades sociais, gerando
violência física e simbólica, além da pobreza extrema nos países
subdesenvolvidos destes continentes. Esta realidade no Brasil é vista nos
números coletados pelo Mapa da Violência, além dos dados do Censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, além dos diversos trabalhos científicos
das instituições de ensino superior.
Por mais que a luta destes
povos nestes cinco séculos se deram, e muitas conquistas obtiveram, é observado
ameaças constantes a estes direitos, além da existência destes povos que
historicamente foram oprimidos por uma sociedade racista e elitista no Brasil e
em toda América Latina. Por isto o dia 19 de julho se torna uma data
emblemática na reflexão da nossa sociedade contemporânea, dentro dos reflexos
históricos da desigualdade e exclusão ao longo do tempo.
Um dos grandes nomes da
América Latina que trouxe seus protestos em versos poéticos foi o chileno Ricardo
Eliécer Neftali Reyes, ou simplesmente Pablo Neruda, nascido em 12 de julho de
1904, o poeta político comunista, se tornou uma voz ativa em seu país deste sua
juventude. Ainda na primeira metade do século XX, Neruda se colocou em defesa
da classe operária, o que gerou até mesmo exílio de seu país. Mas seu retorno
foi fundamental para a luta política do povo chileno, e para o reconhecimento
de sua rica obra, que em 1971 o rendeu com o prêmio Nobel de Literatura. Porém
em 23 de setembro de 1973, doze dias após o golpe de estado provocado pelos militares
sob comando pelo ditador Augusto Pinochet. Mais de quarenta anos depois, a
morte de Neruda foi associada não por questões de um câncer como foi posto no período
ditatorial chileno, mas sim por questões políticas, sendo assim comprovado seu
assassinado pela ditadura militar chilena.
Neruda foi morto, mas nunca
calado, sua obra é sempre viva, lida e admirada não só pela técnica da escrita,
mas por trazer a voz do Povo, a voz daquele que luta contra a opressão, as
desigualdades, injustiças e exclusões. O seu poema Eu Não me Calo publicado em sua autobiografia, lançado depois de
sua morte em 1974, com o título Confesso que Vivi.
Uma poesia que retrata a luta de Neruda, que não se calou após sua morte, e
todos os anos de ditadura não só no Chile e no Brasil, mas em toda a América
Latina.
EU NÃO ME CALO
Por: Pablo Neruda.
Confesso que Vivi - Pablo Neruda - 1974 |
Eu
preconizo um amor inexorável.
E
não me importa pessoa nem cão:
Só
o povo me é considerável,
Só
a pátria é minha condição.
Povo
e pátria manejam meu cuidado,
Pátria
e povo destinam meus deveres
E
se logram matar o revoltado
Pelo
povo, é minha Pátria quem morre.
É
esse meu temor e minha agonia.
Por
isso no combate ninguém espere
Que
se quede sem voz minha poesia.
REFERÊCNIA.
EBIOGRAFIA.
Pablo Neruda. Disponível em: https://www.ebiografia.com/pablo_neruda/.
Acessado em: 19/07/2019.
A
VERDADE. Pablo Neruda: “Eu não me calo”. Disponível em: http://averdade.org.br/2013/03/pablo-neruda-eu-nao-me-calo/.
Acessado em: 19/07/2019.
PERES,
Paula. 10 práticas inspiradoras para
abordar os povos oprimidos com seus alunos. IN.: Nova Escola. Disponível
em: https://novaescola.org.br/conteudo/12139/10-praticas-inspiradoras-para-falar-sobre-povos-oprimidos-na-sala-de-aula.
Acessado em: 19/07/2019.
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