19 de jul. de 2019

Canto Poético: Eu Não Me Calo


A poesia do chileno Pablo Neruda ela marca a história de lutas e de combate a opressão na América Latina. O poeta Nobel de Literatura em 1971, recebido dois anos antes de sua morte, após o golpe militar imposto pelo ditador Pinochet. Neste mês em que Neruda comemoraria 95 anos (12 de julho), é o mês que se reflete no Brasil o Dia dos Povos Oprimidos, uma data para rever as desigualdades, descriminações e exclusões sofridas por parte da população não só brasileira, mas de toda América Latina. É também um dia de fortalecer as lutas destes povos, que como na poesia de Neruda Eu Não Me Calo.  

Pablo Neruda.
Em 19 de julho o Brasil reflete com o Dia dos Povos Oprimidos. Um dia para debater como em pleno século XIX os resultados da opressão de diversos povos no século XVI, no inicio da colonização europeia no Brasil e em todas as Américas, ainda surte efeito, como a discriminação étnico-racial, as exclusões e as desigualdades sociais, gerando violência física e simbólica, além da pobreza extrema nos países subdesenvolvidos destes continentes. Esta realidade no Brasil é vista nos números coletados pelo Mapa da Violência, além dos dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, além dos diversos trabalhos científicos das instituições de ensino superior.
Por mais que a luta destes povos nestes cinco séculos se deram, e muitas conquistas obtiveram, é observado ameaças constantes a estes direitos, além da existência destes povos que historicamente foram oprimidos por uma sociedade racista e elitista no Brasil e em toda América Latina. Por isto o dia 19 de julho se torna uma data emblemática na reflexão da nossa sociedade contemporânea, dentro dos reflexos históricos da desigualdade e exclusão ao longo do tempo.
Um dos grandes nomes da América Latina que trouxe seus protestos em versos poéticos foi o chileno Ricardo Eliécer Neftali Reyes, ou simplesmente Pablo Neruda, nascido em 12 de julho de 1904, o poeta político comunista, se tornou uma voz ativa em seu país deste sua juventude. Ainda na primeira metade do século XX, Neruda se colocou em defesa da classe operária, o que gerou até mesmo exílio de seu país. Mas seu retorno foi fundamental para a luta política do povo chileno, e para o reconhecimento de sua rica obra, que em 1971 o rendeu com o prêmio Nobel de Literatura. Porém em 23 de setembro de 1973, doze dias após o golpe de estado provocado pelos militares sob comando pelo ditador Augusto Pinochet. Mais de quarenta anos depois, a morte de Neruda foi associada não por questões de um câncer como foi posto no período ditatorial chileno, mas sim por questões políticas, sendo assim comprovado seu assassinado pela ditadura militar chilena.
Neruda foi morto, mas nunca calado, sua obra é sempre viva, lida e admirada não só pela técnica da escrita, mas por trazer a voz do Povo, a voz daquele que luta contra a opressão, as desigualdades, injustiças e exclusões. O seu poema Eu Não me Calo publicado em sua autobiografia, lançado depois de sua morte em 1974, com o título Confesso que Vivi. Uma poesia que retrata a luta de Neruda, que não se calou após sua morte, e todos os anos de ditadura não só no Chile e no Brasil, mas em toda a América Latina.

EU NÃO ME CALO
Por: Pablo Neruda.


Confesso que Vivi - Pablo Neruda - 1974
Eu preconizo um amor inexorável.

E não me importa pessoa nem cão:
Só o povo me é considerável,
Só a pátria é minha condição.

Povo e pátria manejam meu cuidado,
Pátria e povo destinam meus deveres

E se logram matar o revoltado

Pelo povo, é minha Pátria quem morre.
É esse meu temor e minha agonia.
Por isso no combate ninguém espere
Que se quede sem voz minha poesia.

REFERÊCNIA.
EBIOGRAFIA. Pablo Neruda. Disponível em: https://www.ebiografia.com/pablo_neruda/. Acessado em: 19/07/2019.

A VERDADE.  Pablo Neruda: “Eu não me calo”. Disponível em: http://averdade.org.br/2013/03/pablo-neruda-eu-nao-me-calo/. Acessado em: 19/07/2019.

PERES, Paula. 10 práticas inspiradoras para abordar os povos oprimidos com seus alunos. IN.: Nova Escola. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/12139/10-praticas-inspiradoras-para-falar-sobre-povos-oprimidos-na-sala-de-aula. Acessado em: 19/07/2019.  

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