2 de nov. de 2018

Espaço Musical: Canto para Minha Morte

O Dia de Finados é uma data celebrada pelo catolicismo desde o século XII, em todo dia 02 de novembro, um dia após a comemoração do Dia de Todos os Santos, com a intenção de homenagear os fies cristãos já falecidos. Em 1976, no álbum Há Dez Mil Anos Atrás, foi lançada a canção Canto para Minha Morte, do músico e compositor Raul Seixas, com uma forma de dá sentido a morte, este momento tão certeza da vida. 

Raul Seixas
A Igreja Católica desde o século XI, com os papas, Silvestre II, João XVIII e Leão IX, vem celebrando momentos de fé e oração para os que já faleceram e deixaram na crença cristã, o sentido da vida carnal. Mas a data do dia 02 de novembro, como a data oficial do Dia de Finados, foi oficializada pelo catolicismo a partir do século XII.
A data é respeitada por outras igrejas cristãs, que ao longo do tempo cedeu a tradição católica e começaram a homenagear seus fies. No Brasil, a data é marcada por celebrações eucarísticas, e orações, e principalmente a visita aos cemitérios, que tem como referência não só um lugar de enterrar os que já morreram, mas preservar uma memória da história, dos valores culturais, e das pessoas daquele lugar. Já no México o dia é celebrado com muita festa nos cemitérios, uma forma de mostrar outro lado de um momento de lembrança aos mortos.
Álbum Há dez mil anos atrás - Raul Seixas - 1976
Em 1976, o músico e compositor Raul Seixas, lançou um dos seus grandes álbuns musicais, o disco Há Dez Mil Anos Atrás, que tinha em sua primeira faixa do lado A, a canção Cantando para Minha Morte, um tango que provoca uma reflexão deste momento de mistério e de vários sentimentos associados pela sociedade. Raulzito, como um poeta-filósofo de canções provocativas, convida a Morte para um tango, de sentimentos diversos, e de perspectivas ao encontro com este mistério da vida.

Confira abaixo a Canção:
Canto para Minha Morte
Compositor/Cantor: Raul Seixas

Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

LETRA TERRA. Canto para Minha Morte – Raul Seixas. Disponível em: https://www.letras.mus.br/raul-seixas/48303/. Acessado em: 02/11/2018.

RIGUEIRA. Um tango dedicado a morte, por Raulzito. IN.: OBVIOUS Disponível em: http://obviousmag.org/fugere_urbem/2015/04/um-tango-dedicado-a-morte-por-rauzito.html. Acessado em: 02/11/2018.

CALENDARR. Finados. Disponível em: https://www.calendarr.com/brasil/finados/. Acessado em: 02/11/2018.

CALENDARR. Finados. Disponível em: https://www.calendarr.com/brasil/finados/. Acessado em: 02/11/2018.

FREITAS, E. C; FACIN, D. Análise enunciativa de Canto para minha morte. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 12, n.2, p.573-593,maio/ago.2012. 

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