O Dia de Finados é uma data celebrada pelo catolicismo
desde o século XII, em todo dia 02 de novembro, um dia após a comemoração do
Dia de Todos os Santos, com a intenção de homenagear os fies cristãos já
falecidos. Em 1976, no álbum Há Dez Mil
Anos Atrás, foi lançada a canção Canto
para Minha Morte, do músico e compositor Raul Seixas, com uma forma de dá
sentido a morte, este momento tão certeza da vida.
A Igreja Católica desde o século XI, com os papas, Silvestre II, João
XVIII e Leão IX, vem celebrando momentos de fé e oração para os que já
faleceram e deixaram na crença cristã, o sentido da vida carnal. Mas a data do
dia 02 de novembro, como a data oficial do Dia de Finados, foi oficializada
pelo catolicismo a partir do século XII.
A data é respeitada por outras igrejas cristãs, que ao longo do tempo
cedeu a tradição católica e começaram a homenagear seus fies. No Brasil, a data
é marcada por celebrações eucarísticas, e orações, e principalmente a visita
aos cemitérios, que tem como referência não só um lugar de enterrar os que já
morreram, mas preservar uma memória da história, dos valores culturais, e das
pessoas daquele lugar. Já no México o dia é celebrado com muita festa nos
cemitérios, uma forma de mostrar outro lado de um momento de lembrança aos
mortos.
Álbum Há dez mil anos atrás - Raul Seixas - 1976 |
Em 1976, o músico e compositor Raul Seixas, lançou um dos seus grandes
álbuns musicais, o disco Há Dez Mil Anos
Atrás, que tinha em sua primeira faixa do lado A, a canção Cantando para Minha Morte, um tango que provoca
uma reflexão deste momento de mistério e de vários sentimentos associados pela
sociedade. Raulzito, como um poeta-filósofo de canções provocativas, convida a
Morte para um tango, de sentimentos diversos, e de perspectivas ao encontro com
este mistério da vida.
Confira abaixo a Canção:
Canto para Minha Morte
Compositor/Cantor: Raul
Seixas
Eu
sei que determinada rua que eu já passei
Não
tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem
uma revista que eu guardo há muitos anos
E
que nunca mais eu vou abrir.
Cada
vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode
ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A
morte, surda, caminha ao meu lado
E
eu não sei em que esquina ela vai me beijar
Com
que rosto ela virá?
Será
que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou
será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na
música que eu deixei para compor amanhã?
Será
que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá
antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E
que está em algum lugar me esperando
Embora
eu ainda não a conheça?
Vou
te encontrar vestida de cetim,
Pois
em qualquer lugar esperas só por mim
E
no teu beijo provar o gosto estranho
Que
eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem,
mas demore a chegar.
Eu
te detesto e amo morte, morte, morte
Que
talvez seja o segredo desta vida
Morte,
morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual
será a forma da minha morte?
Uma
das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem
tantas... Um acidente de carro.
O
coração que se recusa abater no próximo minuto,
A
anestesia mal aplicada,
A
vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O
câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um
escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...
Oh
morte, tu que és tão forte,
Que
matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se
com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que
meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E
que a erva alimente outro homem como eu
Porque
eu continuarei neste homem,
Nos
meus filhos, na palavra rude
Que
eu disse para alguém que não gostava
E
até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
Vou
te encontrar vestida de cetim,
Pois
em qualquer lugar esperas só por mim
E
no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que
encontrar
Vem,
mas demore a chegar.
Eu
te detesto e amo morte, morte, morte
Que
talvez seja o segredo desta vida
Morte,
morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
LETRA
TERRA. Canto para Minha Morte – Raul Seixas.
Disponível em: https://www.letras.mus.br/raul-seixas/48303/.
Acessado em: 02/11/2018.
RIGUEIRA.
Um tango dedicado a morte, por Raulzito.
IN.: OBVIOUS Disponível em: http://obviousmag.org/fugere_urbem/2015/04/um-tango-dedicado-a-morte-por-rauzito.html.
Acessado em: 02/11/2018.
CALENDARR.
Finados. Disponível em: https://www.calendarr.com/brasil/finados/.
Acessado em: 02/11/2018.
CALENDARR.
Finados. Disponível em: https://www.calendarr.com/brasil/finados/.
Acessado em: 02/11/2018.
FREITAS, E. C; FACIN, D. Análise enunciativa de Canto para minha morte. Linguagem
em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 12, n.2, p.573-593,maio/ago.2012.
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