24 de abr. de 2018

Migração Estudantil e Mercado de Trabalho: Jovens Estudantes do Ensino Médio de Taiobeiras – MG.¹

Em 2015, participei do VI Simpósio Internacional Sobre a Juventude Brasileira, JUBRA, na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, na cidade do Rio de Janeiro. Evento que reuniu vários pesquisadores de todo o país, e até mesmo de outros países da América Latina, para discutir e analisar a Juventude. E tive a oportunidade de apresentar um trabalho de pesquisa, realizado a partir da Monografia na minha formação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros – MG. No qual tratei sobre a Migração Estudantil e o Mercado de Trabalho, tendo a juventude taiobeirense, como estudo. Em referencia ao dia do Jovem Trabalhador, deixo um pouco deste trabalho, que fez parte do Livro Juventude, Trabalho e Emprego: políticas públicas, desafios e perspectivas, na organização da professora Dr. Maria Madalena Gracioli, publicado pela Editora CRV em Curitiba, no ano de 2016. 

Rafael Alves de Oliveira

Resumo: A migração juvenil, seja pendular ou sazonal, vem sendo crescentes no mundo inteiro. A Organização das Nações Unidas – ONU menciona que 12,5% dos migrantes internacionais, são jovens entre 15 á 24 anos. Na realidade brasileira podemos destacar este aumento pela busca no mercado de trabalho, e principalmente pela formação profissional. Sendo estas duas opções relacionadas uma com a outra. Onde cada vez mais o mercado de trabalhado vem cobrando a formação, técnica e superior, como principal item no currículo dos candidatos que concorre a uma vaga de emprego. E com isto os incentivos e a busca dos jovens recém-formados na educação básica, por uma formação superior é cada vez maior. Grandes polos populacionais e de ofertas de trabalho, são também polos de instituições superiores. Com as políticas públicas voltadas a educação de nível superior e técnico, a migração estudantil vem sendo cada vez mais significativa. Jovens recém-formados na educação básica, ou mesmo ainda começando o ensino médio, saem de seus municípios em busca de melhor formação profissional, e com isto em busca de melhores oportunidades. Podendo apontar neste cenário, as mudanças socioespaciais de vários municípios que possuem campus universitário, além da reserva de mão de obra qualificada, que vem sendo crescente em todas as áreas profissionais. A partir de estudo de caso diante a realidade em Taiobeiras, no norte mineiro, no qual parte de seus jovens migrando para outras cidades na busca de melhores oportunidades com uma formação profissional. Sendo Montes Claros – MG como referência deste deslocamento na mesorregião do Norte de Minas. Desta forma trataremos neste trabalho, a partir de dados estatísticos e realtos de estudantes do último ano do ensino médio de Taiobeiras, as expectativas e incentivos que levam a estes jovens quererem ingressar no nível superior e com isto, muitas vezes saírem do seu município para outros. Tratando as consequências e impactos criados a partir desta migração.

Palavras-chave: migração juvenil; migração estudantil; formação profissional; mercado de trabalho.


20 de abr. de 2018

Canto Poético: O Último Dia

Se a poesia escolhesse um lugar para viver, o Vale do Jequitinhonha seria um dos lugares possíveis para ela. Dentre tantos poetas renomados do Vale do Jequitinhonha, um jovem talentoso é que nos contemplará com um dos seus poemas. Moisés Silva da cidade de Ponto dos Volantes – MG, traz em suas poesias um sentimento que nos leva em seus versos. 
  
Moisés Silva
Ator e poeta, o jovem Moisés Silva da cidade de Ponto dos Volantes, Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, é um artista talentoso, que não só nos encanta pelos seus poemas, mas por sua encenação nos palcos do teatro popular. Trazendo um sentimento marcante, que nos leva em cada verso.
O poeta traz em seus versos sentimentos, e esta sensação de ser conduzido em cada estrofe e verso emoções. Mas traz também a qualidade do artista do Vale, da juventude do sertão mineiro, provocando em que lê os seus poemas, a sensação de vive-los e senti-los. Ou por uma memória vivida, ou, se colocando nas palavras ditas.
No poema O Último Dia, o poeta nos leva a ter a sensação de viver o momento descrito, provocando a reflexão de um último momento vivido, de um momento único, diante a vários sentimentos. E todo este encantamento nos mostra o quanto podemos olhar para um último momento de uma forma bela e encantadora.  

O Último Dia
Por: Moisés Silva.

Sorrirei!
sorrirei com vontade
ao mar hei de amar,
amarei de verdade.

Viverei!
Viverei sem vaidade
quando mentir for preciso,
só lhe direi a verdade
e se eu disser mentira,
não me tenha piedade...

Me enforquei!
Me mate!
Serei tão feliz,
pelos caminhos andados.
Sentirei tanta saudade
do meu passado.

Chorarei também,
chorarei por desprezo
pela vida
a qual sempre estou preso.

Moisés Silva
Quando surgir outro sol
e me trouxer
alegria,
farei o mundo conspirar
como se fosse
magia.

A lua será tão bela
e me trará euforia,
assim será na terra,
o meu último dia.

13 de abr. de 2018

Interpretes do Brasil: Herbert José de Souza, o Betinho.

Baseando no portal Interpretes do Brasil, pretendo aqui além dos grandes nomes considerados pelo portal, como grandes intelectuais brasileiros, trazer outras personalidades que representaram e representam estes interpretes da realidade social, política, econômica e cultural do Brasil. Para iniciar, um norte-mineiro que é considerado um dos grandes nomes do combate à desigualdade social, e grande defensor dos direitos humanos e da participação cidadã, Herbert José de Souza, simplesmente o Betinho.

Betinho
No dia 03 de novembro de 1935, no município de Bocaíuva, norte de Minas Gerais, nascia Herbert José de Souza, que ficou conhecido pelo o mundo a fora, como Betinho. Irmão do músico Chico Mário e do cartunista Henfil (confira o filme abaixo sobre a história dos três irmãos). 
Graduado na Universidade Federal de Minas Gerais em Sociologia, no ano de 1962. Ativista dos direitos humanos no Brasil, o sociólogo Betinho foi engajado na luta dos movimentos sociais, desde o governo de João Goulart, com a defesa das reformas de base, principalmente a reforma agrária no Brasil. Durante o período da ditadura militar no Brasil, foi obrigado a se exilar no Chile no ano de 1971, diante seu posicionamento político e sua crítica ao regime militar. Levou sua luta até a sua morte no ano de 1997, causada pela hemofilia herdada de sua mãe, e pela AIDS, e a hepatite C que adquiriu em uma transfusão de sangue.
Projeto Ação da Cidadania 
Em 1991, foi reconhecido com o Prêmio Global 500, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, diante sua luta pela defesa da reforma agrária e pelos direitos aos povos indígenas. Mas seu grande projeto, que destacou mundialmente, foi a Ação da Cidadania, contra a Fome, a Miséria e pela Vida. Onde conseguiu sem apoio de nenhum governo, levar alimentos as famílias em estado de miséria, por todo o país. E durante o primeiro governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi membro do Conselho da Comunidade Solidário, na promoção ao combate à miséria no país, e mesmo depois de sua morte sua obra contra a pobreza inspirou vários projetos e programas sociais, como o programa Fome Zero, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Teve grandes obras públicas, desde temas voltados ao público infanto-juvenil, como a Centopeia que Pensava, uma forma de trazer um olhar crítico e solidário ao público infantil. Voltadas a conscientização do problema da AIDS e das políticas de saúde pública na sociedade, e uma reflexão de uma doença que adquiriu, como a obra junto com seu irmão Henfil, A Cura da AIDS.
Mas a suas grandes obras foram voltadas a questão da cidadania, da solidariedade e dos movimentos sociais no combate à desigualdade social no Brasil. Em artigo e entrevista feita para a editora Moderna, no ano de 1994, a obra Ética e Cidadania, junto com Carla Rodrigues, voltada para a juventude, como uma forma didática, Betinho traz todas suas vivências, e reflexões diante o conceito de cidadania, política e solidariedade.
Em seu texto O Pão Nosso, em Reflexões para o futuro, edição Veja 25 anos, em 1993, Betinho diz:
No combate à fome há o germe da mudança do país. Começa por rejeitar o que era tido como inevitável. Todos podem e devem comer, trabalhar e obter uma renda digna, ter escola, saúde, saneamento básico, educação, acesso à cultura. Ninguém deve viver na miséria. Todos têm direito à vida digna, à cidadania. A sociedade existe para isso. Ou, então, ela simplesmente não presta para nada. O Estado só tem sentido se é um instrumento dessas garantias. A política, os partidos, as instituições, as leis só servem para isso. Fora disso, só existe a presença do passado no presente, projetando no futuro o fracasso de mais uma geração. [...] Tenho fome de humanidade. (SOUZA, Herbert, 1993)

Betinho, se tornou assim, uma das maiores referencias da luta pelo combate a pobreza e a desigualdade social no Brasil, foi um crítico e um visionário nas questões sociais, e na promoção a cidadania e a solidariedade diante os problemas no país. Valendo destacar sua atuação política e social, na transformação da realidade brasileira.

6 de abr. de 2018

Espaço Musical: Funk da Lama

Para refletir o momento atual do Brasil, nada que trazer uma música. A canção Funk da Lama do compositor e cantor Zeca Baleiro, traz uma forma provocativa de refletir os problemas sociais, políticos e culturais em nosso país. 

Zeca Baleiro
Em 20 de fevereiro de 2014, Zeca Baleiro lançava mais um álbum musical de sucesso, Calma Aí, Coração, obtendo sucesso nacional e internacional, sendo indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum e Música Popular Brasileira.
Entre os sucessos do álbum, a canção inédita Funk da Lama, não só chamou atenção por sua letra, algo já esperado nas canções de Zeca Baleiro, mas pela provocação do compositor de um olhar crítico musical dos sucessos midiáticos da música não só brasileira, mas em todo lugar.
Funk na Lama traz a proposta da moda das coreografias e da batida repetida do funk, algo bem novo na musicalidade de Zeca Baleiro, mas traz uma letra humorada, com uma crítica social, política e cultural, bem estilo do cantor e compositor.  
A letra da canção promove uma reflexão crítica dos acontecimentos recentes no Brasil, não só nas questões políticas, mas sociais e culturais. “Você vai ter que responder pelo que faz, você vai ter que responder pelo que diz”, assim em uma batida de funk, acompanhada com uma coreografia bem humorada, o refrão da canção, traz vários nomes públicos ligados a artistas famosos, lideres religiosos e políticos brasileiros, colocando em questão que todos serão julgados, e todos terão que responder por suas atitudes.
Baleiro também provoca a questão da moralidade, e dos caminhos em que o mundo vem se dando. Apesar de ser recente a composição, ela se torna profética, por alguns anos após ser lançada, ficar mais evidente a crítica feita.
É importante refletir que nos últimos anos a revelação de casos de corrupção no Brasil e no mundo, e cada vez mais o “mundo esta atoladinho na lama”, graças a uma maior abertura dos meios de comunicação, além da conscientização de muitos de observar e trazer uma crítica, não importa a quem ou o que. Algo que só ocorre dentro de um processo democrático e consciente.
Como diz Baleiro “bota a mão na consciência”, talvez estejamos longe de uma população consciente e com senso crítico da sua realidade. Talvez estejamos encaminhando para um retrocesso.
Mas que nos últimos tempos, houve avanços nas investigações e denúncia de problemas da corrupção na política brasileira, isto houve. E que qualquer um que cometer tais atos, ira responder pelo que fez, ou pelo que diz. Só não nos seguemos nas redes sociais, com as tendências de alienação do ponto de vista de um lado.

Funk da Lama
Cantor: Zeca Baleiro

Tanto faz se é Ivete ou Shakira,
Tanto faz se é Sá, Rodrix ou Guarabira
Você vai ter que responder pelo que faz
Você vai ter que responder pelo que diz

Tanto faz se é pratão ou se é pelego
Tanto faz se é Pelé ou se é Diego
Você vai ter que responder pelo que faz
Você vai ter que responder pelo que diz

Bota a mão nas cadeiras
Vai até o chão com graça
A moral do chão não passa
Bota a mão nas cadeiras
Dança com malemolência
Bota a mão na consciência.

Vem cachorra, nem precisa de cama
O mundo tá atoladinho
O mundo tá atoladinho na lama

Vem cachorra, nem precisa de cama
O mundo tá atoladinho
O mundo tá atoladinho na lama

Tanto faz se é Demóstenes ou Palocci
Se é Fábio Melo ou Marcelo Rossi
Você vai ter que responder pelo que faz,
Você vai ter que responder pelo que diz

Tanto faz se Homem do Ano ou Mulher-Pera
Tanto faz se é Bolsonaro ou se é Gabeira
Você vai ter que responder pelo que faz
Você vai ter que responder pelo que diz

Bota a mão nas cadeiras
Vai ate o chão com graça
A moral do chão não passa
Bota a mão nas cadeiras
Dança com malemolência
Bota a mão na consciência

Vem cachorra, nem precisa de cama
O mundo tá atoladinho
O mundo tá atoladinho na lama


Destaque