No dia do trabalhador, deixo aqui uma análise, como homenagem a cinco
trabalhadores que fazem parte da construção histórica social, econômica e
cultural de Taiobeiras – MG. Zé Padeiro, o primeiro padeiro do município
de Taiobeiras, Wilson Sapateiro o mais
antigo sapateiro em ativa do município, assim como Zé Baiano, feirante com mais
tempo nas bancas do Mercado Municipal, Amadeus da Oficina de Bicicleta,
primeiro mecânico de bicicleta de Taiobeiras, e propulsor do ciclismo no município,
e Iris Marceneiro, um dos mais antigos marceneiros de Taiobeiras, responsável
pela reforma de um dos símbolos do patrimônio taiobeirense, o Cruzeiro da praça
do Santos Cruzeiro.
Falar de trabalho é referir um dos principais
elementos sociológicos para compreensão social, político, econômico e cultural.
Precisamos também compreender que mencionar tal elemento é proporcionar uma
leitura filosófica das três atividades fundamentais para os gregos na
antiguidade, vita activa, sendo
estes: o labor, o trabalho e a ação.
O labor, que se relacionam com a necessidade
biológica do indivíduo, necessidades animalescas necessita para sobreviver e assegurar
que exista a espécie. Desta forma o labor é presente em toda ação vital, e
assegura as condições humana a própria vida. O trabalho que nos diferencia dos
demais animais, este elemento se relaciona com o lado racional e intelectual
humano, techné. É a partir do
trabalho que o ser transforma elementos da natureza em objetos para seu
consumo, diferenciando dos demais seres, a forma como produz estes objetos.
Já a ação, resume como atividade mais nobre humana,
o pensamento político-social, onde esta não necessita da matéria para existir,
e o elemento que traz a característica para Aristóteles, do animal socialis, onde através da phronésia, o ser humano se expressa sua
capacidade de julgar em uma determinada situação, levando a ideia do bem, e motivos
de fazer a própria ação. Estes três elementos da vita activa são uma proposta da construção social do individuo, diferenciando
ao compararmos com os demais seres vivos, “o homo faber (fabricador) é o único que é senhor tanto da natureza
quanto de si mesmo” (Arendt). O que leva a outra análise, a partir da
sociologia do trabalho.
Desde os pensadores clássicos da sociologia, aos
contemporâneos, o trabalho é uma palavra-chave de análise da sociedade. Para
Marx o trabalho é definido nas relações da produção, traz em seu argumento a
divisão do trabalho a partir da divisão de classes sociais (proletariado e
burguesia, ou, dominante e dominado da força de trabalho). Já Durkheim a
solidariedade, e a coesão do organismo social, são caracterizam a divisão do
trabalho, definindo o trabalho como elemento básico na construção da sociedade,
onde o individuo herda a condição que tem, e desta devera se adequar ao
contexto proposto, e devera executar para o funcionamento do organismo social.
Para Weber, o trabalho é analisado a partir das relações sociais, que são
compostas por ações sociais, que estão relacionadas pela racionalidade ou emoção,
e diante desta situação, as relações se estabelecem diante as características,
tipos ideais, que compõe a sociedade referida.
Referir o trabalho aqui é proporcionar a sua (des)valorização.
Onde, ainda quando era graduado, realizei um artigo falando de cinco trabalhadores
do município de Taiobeiras – MG, para debater esta valorização ou
desvalorização do trabalho e do trabalhador. A definição da escolha dos cinco
trabalhadores foi pensada a partir da identidade que estes senhores possuem com
seus ofícios, sendo eles: Zé Padeiro, Wilson Sapateiro, Zé Baiano Feirante,
Amadeus da Oficina de Bicicletas e Iris Marceneiro.
Uma característica básica entre todos eles é como a
sua identidade relacionada a seus ofícios respectivamente são postas. Todos eles
carregam em seus apelidos, o seu oficio. Não precisaria nem mencionar o que
cada um faz, ou fez na vida, pois no seu nome vulgo, trazem esta informação.
Mas tal característica vem sendo desconstruída diante
ao mundo globalizado, onde antes a busca pela solidez da profissão, onde o
individuo era conhecido pela sua função social. Podemos perceber a
flexibilidade desta característica, onde o individuo não possui mais a ideia de
profissão sólida, e sim liquida. A flexibilidade, ou seja, não ficar preso
apenas a uma profissão, a um local de trabalho, não criar uma identidade a
partir de um ofício, faz parte hoje de um currículo do trabalhador.
A proposta de trazer Zé Padeiro, Wilson Sapateiro,
Zé Baiano Feirante, Amadeus da Oficina de Bicicletas e Iris Marceneiro, e
trazer profissões que vem sofrendo grandes transformações, desde o modo de
produção e trabalho, ao local de trabalho, com isto, podemos perceber que neste
cenário ocorre ao mesmo tempo uma valorização e desvalorização do trabalho. Valorização
com a modernização do trabalho, as novas formas dos meios de produção, que
também proporciona a desvalorização do trabalho, pois muitas vezes ligada ao
descaso destes trabalhadores que tinham antes maior significado e importância
social. Onde sua solidez profissional renderia a eles sobrenomes vulgar a
partir do seu ofício.
Mas, todos estes cinco trabalhadores, são e serão
reconhecidos pelas suas obras. A sua vita
activa, fizeram e fazem parte da construção social taiobeirenses. E com
isto as velhas e novas gerações ainda terão como referência seus nomes. Pois
apesar de questionarmos aqui a desvalorização do trabalho, os valores
transmitidos por estes trabalhadores, a partir do seu ofício e obra, vão
perpetuar diante a história na qual fazem parte, a história social, econômica e
cultural de Taiobeiras – MG.