Raimundo Fagner é um dos grandes nomes da música
brasileira, principalmente ao trazer em suas canções uma musicalidade poética.
Fagner traz em suas referências vários nomes da poesia, como Francisco
Carvalho. Seu conterrâneo, que fez parte da Academia Cearense de Letras, e traz
em seus poemas reflexões diante o ser humano e a sociedade em sua volta. O
poema Bicho Homem de Carvalho, musicado
por Fagner no seu álbum Donos do Brasil,
2004, é uma mistura da música e poesia onde mostra toda a intelectualidade e
arte do povo nordestino.
Fagner |
O poeta e escritor Francisco Carvalho natural de Russas, Ceará, é um
grande escrito e poeta, como vários outros nordestinos, que teve sua
consagração ao entrar na Academia Cearense de Letras. Carvalho também foi
reconhecido pelo seu conterrâneo Raimundo Fagner, que tem na referência do poeta,
a inspiração para suas composições.
Fagner nascido em Orós, Ceará, em 13 de outubro de 1949, se tornou uma
das maiores vozes da música popular brasileira, misturando vários ritmos e com
letras poéticas. Teve vários inspiradores na poesia, que contribuíram para suas
composições, ou sua musicalidade no qual musicou vários poemas. No seu álbum Donos do Brasil, 2004, o músico lançou a
canção Bicho Homem, no qual musicou o
poema de Francisco Carvalho, com mesmo título.
Álbum: Donos do Brasil - 2004 - Raimundo Fagner |
Um poema que nos leva a refletir o ser humano e suas ações no mundo.
Podendo observar as consequências que o homem causou com todas suas
transformações no mundo, desde questões como ganância, destruição e violência. Bicho Homem, é uma provocativa de
questionamentos muito bem elaborada por Carvalho, e que Fagner nos traz como
canção.
Confira abaixo a Canção:
Bicho Homem
Compositor/Cantor: Francisco
Carvalho/ Raimundo Fagner
Que
bicho é o homem que ama e desama, que afaga e magoa
E
que às vezes lembra um anjo em pessoa?
O
homem que vai para a eternidade num saco de lixo
Que
bicho é o homem de salário fixo?
Que
bicho é o homem que trapaceia, que às vezes pensa
Que
é mais brilhante do que a papa ceia?
Que
bicho é esse que escreve as vogais das cinzas do pai?
De
onde ele veio e para onde vai?
Que
bicho é o homem que se interroga léguas de volúpia
Sonhos
e utopias tudo se evapora
Que
bicho é o homem de argila e colosso que lavra e semeia?
Mas
só colhe insônias em lavoura alheia?
Os
rastros do homem no vento ou na água são rastros de fera
Mas
que bicho é esse que se dilacera?
O
homem suplica, os deuses concedem, que bicho é o homem
Que
sempre regressa às praias do Éden?
Que
bicho é o homem que escreve poemas na aurora agônica
E
depois acende a fogueira atômica?
Que
bicho te oferta um ramo de rimas
E
à sombra dos mortos semeia gemidos por sete Hiroximas?
Que
bicho te espreita aos olhos dos becos
Onde
os cães insones mastigam as sombras dos antigos donos?
Que
bicho é o homem que rasteja e voa, que se ergue e cai?
De
onde ele veio e para onde vai?
Que
bicho é o homem, de onde ele veio e para onde vai?
Onde
é que entra de onde é que sai?