25 de julho é comemorado no Brasil, o Dia Nacional da
Mulher Negra, em homenagem a uma grande mulher que representou a luta pela
liberdade dos povos africanos e afro-brasileiros da escravidão no Brasil
durando o século XVIII, esta mulher era Teresa de Benguela. A luta do povo
negro contra a opressão ainda é presente, diante a desigualdade e a violência
social principalmente sobre a Mulher Negra. Assim este dia é um dia
representativo de refletir esta luta e os problemas sociais diante a
discriminação étnica-racial. Em 1994, a Escola de Samba Unidos do Viradouro –
RJ, teve em homenagem a Tereza, o samba-enredo Tereza de Benguela – Uma Rainha Negra no Pantanal.
Em 25 de julho de 2014, foi decretado por lei o Dia Nacional da Mulher
Negra no Brasil. Esta data foi simbolizada com a figura de Tereza de Benguela,
uma Rainha Africana que foi escravizada no Brasil no século XVIII, e que junto
com seu esposo José Piolho, lideraram o Quilombo do Quariterê, no Vale do Guaporé,
no Pantanal do Mato Grosso. E após a morte de seu esposo, liderou sozinha mais
de 100 quilombolas, com maioria negros, além de mestiços e indígenas.
O Quilombo do Quariterê, forte na produção de algodão, no qual se
produzia tecidos, de feijão, mandioca, banana, entre outros cultivos. Tinha
como forma de organização o sistema parlamentar, segundo documentos de Vila
Bela no ano de 1770:
Governava
esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada,
para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entravam os deputados,
sendo o de maior autoridade, tido por conselheiro, José Piolho, escravo da
herança do defunto Antônio Pacheco de Morais. Isso faziam, tanto que eram
chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se
assentava, e se executavam à risca, sem apelação nem agravo. (Anal de Vila Bela
do ano de 1770).
Em 1770, a Colônia Portuguesa capturou Tereza, e a matou como forma de
tirar o poder da resistência negra contra a escravidão. O Quilombo do Quariterê
resistiu até o ano de 1795, quando foi totalmente destruído. Mas a figura de
Tereza se tornou um símbolo de resistência, principalmente da Mulher Negra.
Assim a homenagem no Dia 25 de julho sendo referente a Mulher Negra tem como
símbolo Tereza de Benguela. “É preciso criar um símbolo para a mulher negra,
tal como existe o mito Zumbi dos Palmares. As mulheres carecem de heroínas
negras que reforcem o orgulho de sua raça e de sua história” (SLHESSARENKO,
2014).
Unidos do Viradouro - 1994 - Homenagem a Tereza de Benguela |
A relevância desta data, não envolve um dia de comemoração, mas um dia
de reflexão dos problemas da desigualdade e violência simbólica marcada pelas
questões étnicas-raciais. Onde a mulher, especificamente a mulher negra, dentro
das estratificações sociais brasileiras, é a que mais se encontra em precariedades
e vulnerabilidades. Desde as oportunidades de ensino e ingresso ao mercado de
trabalho, aos problemas da violência e exploração.
Confira abaixo a Canção:
Tereza de Benguela: uma Rainha
Negra no Pantanal,
Compositor/Cantor: Unidos do
Viradouro
Amor,
amor, amor...
Sou
a viola de cocho dolente
Vim
da Pérsia, no Oriente
Para
chegar ao Pantanal
Pela
Mongólia eu passei
Atravessei
a Europa medieval
Nos
meus acordes vou contar
A
saga de Tereza de Benguela
Uma
rainha africana
Escravizada
em Vila Bela
O
ciclo do ouro iniciava
No
cativeiro, sofrimento e agonia
A
rebeldia, acendeu a chama da liberdade
No
Quilombo, o sonho de felicidade
Ilê
Ayê, Ara Ayê Ilu Ayê
Um
grito forte ecoou (bis)
A
esperança, no quariterê
O
negro abraçou
No
seio de Mato Grosso, a festança começava
Com
o parlamento, a rainha negra governava
Índios,
caboclos e mestiços, numa civilização
O
sangue latino vem na miscigenação
A
invasão gananciosa, um ideal aniquilava
A
rainha enlouqueceu, foi sacrificada
Quando
a maldição, a opressão exterminou
No
infinito uma estrela cintilou
Vai
clarear, oi vai clarear
Um
Sol dourado de Quimera (bis)
A
luz de Tereza não apagará
E
a Viradouro brilhará na nova era