Dia 20 de novembro, dia Nacional da Consciência Negra, dia
da Resistência dos Grupos e Movimentos Negros Brasileiros. Dia de Rap Nacional,
dia de Thaíde e DJ Hum e a canção Afro-Brasileiro de 1995, uma reflexão da
identidade cultural brasileira e sua africanidade.
Em 20 de novembro de 1695, o líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi foi
assassinado após ter sido derrotado pelo exército da coroa portuguesa com a
liderança do bandeirante Domingues Jorge Velho. Esta data que marcava o fim do
maior símbolo de resistência negra, durante a escravidão dos povos africanos no
Brasil Colônia, o Quilombo dos Palmares, se tornou um marco para surgirem
vários movimentos diante a causa do fim da escravidão negra e do racismo no
país.
Falar de racismo no Brasil é apontar uma grande contradição. Um país
reconhecido por suas diversidades, e principalmente por sua identidade estar
ligado fortemente com a identidade cultural africana, diante o processo
diásporo dos povos vindos da África para o Brasil desde o século XVI, e também
marcado por um alto índice de desigualdade racial, e da violência simbólica do
racismo.
O Dia Nacional da Consciência Negra, é uma data marcada para refletirmos
esta desigualdade e violência presente até hoje na sociedade brasileira. Vários
grupos e movimentos ligados as questões raciais são símbolos desta luta e
resistência, das marcas do etnocentrismo europeu, e consequentemente do racismo
mascarado no Brasil contemporâneo.
O movimento Hip Hop, especificamente o Rap Nacional, nos anos de 1980
surgiu como um destes grupos de resistência. Usando a arte da música vários rappers começaram a destacar, como os
Racionais MC’s e o jovem Altar Gonçalves, ou simplesmente Thaíde, que nos anos
1990 se juntou com o DJ Hum.
Single Afro-Brasileiro - 1995 - Thaíde e DJ Hum |
Thaíde & DJ Hum lançaram no ano de 1994, laçaram um dos seus grandes
álbuns de sucesso, o disco Brava Gente,
com canções fazendo reflexões sobre contextos históricos brasileiros e questões
raciais. Mas o grande sucesso veio em 1995, com o single Afro-Brasileiro, uma canção levando não só uma reflexão da origem
de mais de 50% da população brasileira, mas trazendo uma afirmação de
pertencimento identitário da cultura africana. Thaíde & DJ Hum, promove com
a canção Afro-Brasileiro, um pertencimento e uma marca da luta dos movimentos
negros brasileiros diante a uma sociedade de opressão e descriminação racial.
No qual em pleno século XXI, as pessoas são jugadas pela cor da pele, e são excluídas
pelas suas origens étnicas-raciais.
Confira abaixo a Canção:
Afro-Brasileiro
Compositor/Cantor: Thaíde e DJ
Hum.
E
ai rapazeada como é que tá?
Estamos
aqui de novo pra tentar fazer você dançar
Como
velhos tempos tempos velhos velhos quais
Tempos
velhos meus amigos pretos velhos
Que
não voltam mais
Ancestrais
seguidos de bravos guerreiros
Fazem
o brasil inteiro se curvar
Diante
de tal bravura
Que
loucura
Só
pra todo custo defender aquele lugar
Que
alias se chamava palmares
E
foi destruído por um velho
Que
não era preto mais se chamava jorge
E
com sua sorte e nosso azar
Matou
todos do quilombo que hoje seria nosso lar
E
mesmo assim de novo mostro a vocês, outra vez
A
importância de ser
Negro
por inteiro
Reconhecendo
o seu valor
E
por favor, respeitando o irmão mais claro
Que
está sempre do seu lado
Torcendo
pra você vencer
E
crer
Na
energia africana que
Emana
das sementes espalhadas pelo mundo inteiro
Seja
escuro, mas seja escuro e verdadeiro
Afro-brasileiro
(sabe quem eu sou?)
Afro-brasileiro
(me diga quem você é)
Afro-brasileiro
(sabe quem eu sou?)
Afro-brasileiro
Afro-brasileiro
(me diga quem você é)
Afro-brasileiro
(sabe quem eu sou?)
Afro-brasileiro
Somos
decendentes de zumbi
Grande
guerreiro
Todo
dia quando vou sair de casa pra rua
Faço
o sinal da cruz pra fazer juz
À
fé em deus e nos orixás
Sou
duro na queda porque sou filho guerreiro de ogun com iemajá
E
pra injuriar os conservadores imbecís
Tenho
orgulho e bato no peito, sou decendente de zumbi
Grande
líder negro brasileiro
Por
nosso liberdade enfrentou exércitos inteiros
Mas
acabou perdendo a cabeça
E
não é a cara dele que eu vejo nas camisetas nos bótons toucas ou bombetas
Nem
ganga zumba eu vejo nas jaquetas
Até
o rap nos traiu importando santos pro nosso terreiro
Que
falta de respeito
Por
um homem de coragem que lutou pelos negros do brasil inteiro
Meu
companeiro ou minha companheira
Não
digam besteira, se assumam
Ensinem
nossa cultura à sua família
A
nossa tradição, a nossa evolução
Tudo
isso está em suas mãos
(não
é brincadeira não, estou falando sério)
95,
trezentos anos de zumbi
Vamos
homenageá-lo, agindo assim
Venha,
que hoje é sexta
Eu
vou chamar os refrigerantes e pra quem gosta cerveja
Vamos
sentar aqui no chão
Colocar
o blox do lado
E
ouvir um som do gog, mano em pesado, câmbio negro e racionais meu irmão
Afinal
o que bom tem que ser provado
Tanta
coisa boa e você ai parado acuado
É
por isso que insisto
Sou
um preto atrevido
E
gosto quando me chamam de macumbeiro
Toco
atabaque em rodas de capoeira
E
toco direito
Minha
cultura primeiro
O
meu orgulho é ser um negro verdadeiro