25 de dez. de 2021

Presépio Mão de Deus

Em Grão Mogol, Norte de Minas Gerais, a arte e a religiosidade se encontram no Maior Presépio Natural do Mundo.

Em 1223, com a pregação de São Francisco, que de forma teatral e ilustrativa mostrava as pessoas como foi o nascimento de Jesus Cristo, surgiu os primeiros presépios natalinos. Inspirando esta arte secular em todo o mundo, inclusive presente na diversidade cultural brasileira. Sendo adaptada a cada realidade, mas trazendo a mesma mensagem, a representação do nascimento de Jesus, e com isto dando origem ao cristianismo.

Feito de barro, madeira, louça, entre outros materiais, e se modernizando ao longo do tempo, o presépio faz parte de um dos símbolos mais fortes do Natal cristão, inclusive sendo importante na origem de outra festividade do catolicismo, as Folias de Reis.

A figura de Mara, José e o Menino Jesus, representando a Sagrada Família, dentro de um estábulo, com vários animais representados, e com a chegada dos Três Reis Magos, e o anjo Gabriel, que anunciou o nascimento de Cristo, o presépio é uma arte que vai além do conto da história cristã. Ele também representa questões socioculturais, pois dependendo de onde ele foi feito, traz características e representações locais.

Presépio Mão de Deus - Grão Mogol - MG

No Norte do Estado de Minas Gerais, na cidade de Grão Mogol, feito sobre um incrível paraíso pedregoso, foi criado o maio presépio natural a céu aberto do mundo, o Presépio Mão de Deus. Inaugurado em 09 de dezembro de 2011, o grande presépio de Grão Mogol, traz suas características e representações locais, levando de forma única à história do nascimento de Cristo, aos turistas de várias partes do país, e até de outros lugares do mundo.

12 de dez. de 2021

Taioba

A Taioba planta típica da América do Sul, espalhada pelo mundo, têm em Taiobeiras – MG, seu lugar de encontro e partida, entre o Sudoeste e o Nordeste, entre o local e o global. 

A taioba é uma hortaliça da família Arácea e originária das regiões tropicais da América do Sul. Hoje em dia é cultivada e consumida em países da América Central, África e Ásia.

No Brasil, o maior consumo ocorre nos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, presentes nos biomas da Mata Atlântica e Cerrado. No Sudeste consome-se a folha, enquanto no Nordeste é comum o consumo do rizoma (a “batata”).

A taioba é uma excelente fonte de ferro, fósforo, cálcio, potássio e manganês, comparando-se às fontes tradicionais desses elementos. As folhas são mais nutritivas que os rizomas e são muito usadas na cozinha mineira em substituição à couve. Já a “batata”, que também tem seu valor nutricional, se faz de várias formas, principalmente cortadinha e cozinhada junto à carne moída.

No encontro do Sudeste com o Nordeste, na mesorregião do Norte de Minas Gerais, a Taioba se faz presente, seja a da “brava” (que não pode ser consumida) e da “mansa” (a que pode ser consumida), e em uma região com grande concentração delas, surgiu o sítio Bom Jardim das Taiobeiras, hoje Taiobeiras – MG, lugar de encontros e partidas, no entroncamento que liga Minas e Bahia.

8 de dez. de 2021

Povos e Comunidades Tradicionais: Geraizeiros

Os Gerais correspondem o território do Sertão Mineiro, o Norte de Minas o Noroeste Mineiro e os Vales do Jequitinhonha e Mucuri, atingindo até o Sertão Baiano, região do Sudoeste da Bahia. Mas não se limita aqui apenas a um território, falar dos Gerais é compreender a identidade para além do território. Entre vários povos e comunidades tradicionais que habitam este território, destaca os Povos Geraizeiros.

Os Geraizeiros são povos tradicionais dos Gerais, ou seja, do Cerrado Brasileiro, e que caracteriza o grande território mineiro da mesorregião do Norte de Minas Gerais, entre as bacias do São Francisco, Rio Pardo e Jequitinhonha, ou seja, o Sertão Mineiro. Lugar de resistência e identidade.

Identidade esta que se conecta com a ruralidade, o pertencimento ao território e a relação com o trabalho rural. Assim os povos Geraizeiros, que a partir do Decreto nº. 6.040/2007 foi reconhecido enquanto povos e comunidades tradicionais simboliza uma das várias culturas e identidades da diversidade do Povo Brasileiro. Sendo bastante expressiva na diversidade dos povos do território mineiro, inclusive falar de Minas Gerais, é compreender para além dos territórios das minas de ouro, as Gerais, nas suas relações sociais, culturais, políticas e econômicas.

Foto Elisa Cotta
Nesta proposta compreender os povos Geraizeiros, é compreender os Gerais, que tem a agricultura familiar como símbolo de sua economia. O catolicismo popular, dentro de um processo sincrético, na característica da religiosidade do seu povo, exemplo disto e as festividades das Folias de Reis e as festas de São João. Podemos citar também o linguajar, que mistura o baianês com o mineres, criando o dialeto baianeiro como identidade do Geraizeiro.

Mas esta população, de identidade marcante, com seu pertencimento intenso ao território que habita, sofre a gerações grandes ameaças. Isto parte muito da desvalorização do seu território e de sua cultura, associando os povos do Sertão Mineiro, como atrasados e miseráveis. E assim o forasteiro apropria do seu território, e o explora na relação do trabalho, exemplo disto é a monocultura do eucalipto na região.

Foto: Peter Caton
Por isto falar dos povos e comunidades tradicionais, aqui em especial dos Geraizeiros, é falar de resistência e luta, diante a hegemonização da cultura de massa, da exploração do sistema capitalista, que não reconhece as minorias sociais, e desrespeita os seres humanos e a natureza em prol do seu “desenvolvimento”. 

Os Geraizeiros são símbolos da nossa riqueza social, cultural e econômica. Que representa: a luta da sustentabilidade na relação seres humanos e natureza; o pertencimento ao território e os valores culturais da sua identidade; e aos diversos povos e comunidades tradicionais espalhados pelo território mineiro e brasileiro.

 

Destaque