A data 1º de maio
se tornou no mundo a data da luta da classe operária, após o ato de uma greve
geral em 1886 realizada pelos trabalhadores das fábricas em Chicago nos Estados
Unidos diante a exaustiva jornada de trabalho na época Tal ato se tornou um
símbolo da luta operária no mundo, sendo adotada pelas linhas sindicais e
partida da esquerda na garantia e luta dos direitos da classe dos proletariados.
O Cordel 1º de Maio, do cordelista e
sociólogo Nando Poeta traz a reflexão do Dia Internacional do Trabalho e da
luta de classe.
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Nando Poeta |
Segundo Karl Marx (1996), “a
história de toda sociedade até hoje é a história da luta de classe”, a luta de
classe para o filósofo alemão envolve o conflito entre a classe dominada diante
a classe dominante. E o 1º de maio é um dia de compreender esta luta de classe
na sociedade capitalista. Envolvendo as classes burguesas (os capitalistas,
dominante) com a classe dos proletariados (os trabalhadores, dominados), dentro
da concepção do marxismo dialético.
Em 1º de maio de 1886 na
cidade de Chicago nos Estados Unidos, a classe operária organizou uma grande
greve, parando a cidade e principalmente as fábricas, para exigir uma
diminuição da carga horária de trabalho de 13h exaustiva, para 08h. Esta
manifestação que incomodou o poder econômico estadunidense, provocou grandes
mudanças nas legislações trabalhistas não só nos Estados Unidos, mas em todo
mundo.
A partir do feito, a data
começou a ser comemorada, e se tornou símbolo da luta dos trabalhadores
operários, organizados pelos sindicatos, e por partidos políticos socialistas
ligados a causa da classe trabalhadora. Em 1889 foi realizado um Congresso com
trabalhadores de vários lugares da Europa e do próprio Estados Unidos, instituindo
o 1º de maio como o Dia Internacional do Trabalho, realizando neste dia uma
grande greve geral, para refletir e lutar pelos direitos a classe. No Brasil os
atos dos operários deu inicio no ano de 1917, com uma grande greve geral, e se
instituiu o dia 1º de maio como feriado em 1924, durante o governo de Artur
Bernardes.
O poeta, cordelista,
professor e sociólogo Nando Poeta, natural de Natal-RN, traz como reflexão ao
Dia do Trabalho, ou Dia do Trabalhador, como ficou sendo chamado no governo
Vargas, da luta da classe desde os Mártires de Chicago, a canção A Internacional considerada o hino da
luta operária em todo mundo, do operário poeta francês Pottier (1816 - 1887), e
do operário músico belgo Degeyter (1848 - 1932), no seu cordel 1º de Maio.
Um cordel rico de detalhes,
desde fatos históricos a reflexos da luta pelos direitos trabalhistas
conquistados diante a classe trabalhadora. Trazendo também os desafios da
atualidade, e a importância das conquistas diante muita luta. Nando Poeta,
quando escreveu o cordel 1º de maio
em 2009, não imaginava o quanto em menos de uma década depois, as ameaças das conquistas
diante os direitos trabalhistas seriam tão intensas. Por isto a luta sempre
deve continuar, principalmente diante tantas ameaças a luta e aos direitos dos
trabalhadores.
1º DE MAIO
Por: Nando Poeta.
Nosso Primeiro de
Maio
Homenageia a
memória
Dos Mártires lá de
Chicago
Que nos encheram
de glória
Por lutar por mais
direitos,
Fazendo parte da
história.
Foi nos Estados
Unidos
Na cidade de
Chicago
Um pólo industrial
Onde máquina faz
estrago
Extraindo do
operário
O trabalho nunca
pago.
Doze horas no
trabalho
Era a jornada
diária
A condição no
emprego
Extremamente
precária;
Na pobreza e na
miséria
Vivia a classe
operária.
Trabalhadores
forçados,
A uma longa
jornada.
Patrão sugava o
sangue,
A sua força
explorada
Capitalismo usurpando
Terra, trabalho,
morada.
Tudo que é
produzido
Cai no bolso do
patrão
Pois a força de
trabalho,
Baixa remuneração
Miséria e
desemprego
É barbárie de
montão.
Foi no século
dezenove (1886)
No ano de oitenta
e seis
Bem forte a greve
geral,
Explode mais uma
vez
Operários vão à
cena
Foi maio escolhido
o mês.
Os operários
cansados
Da superexploração
Travaram dura
batalha
Juntos foram para
ação
Da jornada de
trabalho
Desejavam redução.
Os patrões sempre
sugaram
Extraindo a
mais-valia
Salários são
rebaixados
Como
aposentadoria,
O descanso semanal
Chega a ser uma
ironia.
Só oito horas por
dia
Seria o suficiente
Por isso vão para
as ruas
De forma bem
consistente
Convictos de seu
direito
Na luta seguiram
em frente.
Diante de uma
fábrica,
A polícia
disparou.
Cinquenta foram os
feridos
E meia dúzia
tombou
Entre guardas
repressores
Uma bomba
estourou.
Soldados
atordoados
Bala em
manifestantes
Espancar, pisotear
Trabalhador,
estudantes
Centenas morreram
logo
Do lado dos
caminhantes.
Com repressão da
polícia,
Mortes, prisões e
feridos
O sangue foi
espalhado
Muitos gritos e
gemidos
Trabalhadores
tombaram
Com morte foram
punidos.
Acusaram lutadores
Por ter matado
soldado
Criminalizando a
luta
Atacando um único
lado
Impuseram à caça
as bruxas
Usando a força do
Estado.
Afirmaram que a
polícia
Teve baixa em sua
tropa
Colocam culpa na
luta
Querendo cortar a
copa
Justificaram o
massacre
E as ruas o sangue
ensopa.
A imprensa dessa
época
Já era reacionária
Incentivou
repressão
A toda classe
operária
Encobrindo os
ataques
Da polícia
ordinária.
Chicago Times
afirma
Que a saída é a
prisão
E o trabalho
forçado
Até última geração
Para questão
social
É a única solução.
O New York Tribune
Defendia a força
bruta,
Xingava o
trabalhador,
Ameaçando sua luta
Estimula a
repressão
Em cima de quem
labuta.
O Massacre de
Chicago
Sempre forte na
lembrança
Simbolizando a
luta
De quem tem a
esperança
De que o
Socialismo
Virá pra trazer
bonança.
Como Mártires de
Chicago,
Ficaram assim
conhecidos,
No seu exemplo de
luta
Jamais serão
esquecidos
O seu caminho
trilhado
São passos pra ser
seguidos.
A frente dessa
batalha
Oito foram
condenados
Lutadores por
justiça
Alguns até
enforcados
A chama da grande
luta
Acendeu com os
executados.
Parsons, Engel e
Fischer
Líderes desse
movimento
Mais o Lingg e o
Spies
Passaram por
sofrimento
Deles, quatro
foram à forca
Por um falso
julgamento.
Fieldem e Schwab
tiveram
Pena máxima na
prisão
Neeb por quinze
anos
Condenado a
detenção
Processos foram
forjados
Tudo invenção do
patrão.
Cantando a sua
luta
Naquele forte
momento
Esses quatro
firmemente
Mantiveram o
firmamento
De que a luta
operária
Vencerá o
sofrimento.
Parsons faz o
discurso,
Em prol do
trabalhador:
“A farsa da
patronal
Traz o sofrimento
e dor
Que as forças
sociais
Combatam o
explorador.”
Diz que a
propriedade
É privilégio de
poucos
Com produto do
trabalho
Burgueses ficam
tão loucos
Fechados na
fortaleza
Eles não ouvem,
são moucos.
Spies em sua
defesa
Falou no
enforcamento
“Vocês pensam em
destruir
Operário e o
movimento
Apagaram uma
faísca,
Segue o fogo em
crescimento.”
“Estrangulam-nos
agora,
Mas virá logo a
sentença.
No poder do
operário”
Jogamos a nossa
crença
Na luta e no
movimento
Queremos que o
povo vença.
O Lingg
suicidou-se
Não aguentou a pressão
Mais uns seis anos
depois
Tudo teve anulação
E os três
sobreviventes
Foram soltos da
prisão.
As origens do
Primeiro
De Maio teve o
sangue
Derramando pelas
ruas
Por burguês e sua
gangue
Atiraram em todo
mundo
Parecia um
bang-bang.
Socialistas em
Paris
Aprovaram no seu
plano
Junto a Federação
Do Trabalho
Americano
Que o Primeiro de
Maio
Se celebre a cada
ano.
O movimento
operário,
É na luta
pioneiro.
Celebra já do
início
De Maio, o dia
primeiro
Apresentando
bandeiras
Ao povo do mundo
inteiro.
No Brasil toda
essa luta
Teve um eco
profundo
Os lutadores daqui
Juntaram-se aos do
mundo
Construíram forte
ato
Contra o capital
imundo.
Curitiba, POA,
Santos,
São Paulo, Rio de
Janeiro
Em todas essas
cidades
Foi quem fizeram
primeiro
A essa luta
somou-se
O lutador
brasileiro.
Daí Primeiro de
Maio
É o dia de
protesto
Em todo nosso
planeta
A luta é o
manifesto
Trabalhadores do
mundo
É gente, não é o
resto.
Dia Primeiro de
Maio
É o símbolo de
combate
Guerra a todos
senhores
Para nunca dá
empate
Derrotar suas
políticas,
Pra que nunca mais
nos mate.
Primeiro de Maio é
Feriado nacional
A burguesia propõe
Pra ser data
oficial
Transformando esse
dia
De festa com
patronal.
Festa, sorteio e
show
É o ato governista
Movimento
independente
Deve ter ato
classista
Marchando por todo
mundo
É
internacionalista.
Todas as centrais
pelegas
CUT, FORÇA
SINDICAL
Fazem suas
megafestas
Com verba da
patronal
Patrocínio de
governos
Para o ato
oficial.
Todo Primeiro de
Maio
Dia do trabalhador
Todos devem ir às
ruas
Pra mostrar o seu
valor
Conquistando mais
direitos,
Enfrentando o
opressor.
Nesse Primeiro de
Maio
Os operários
franceses
Os afros e
brasileiros
Unidos aos
camponeses
Reafirmando a luta
Como se fossem
ingleses.
Trabalhadores
uni-vos
Os que estão
imigrantes
Sem registro em
carteiras
No mundo são uns
andantes
Os que trabalham
efetivos
Lutando estão
confiantes.
Oito horas de
trabalho
|
Nando Poeta |
Oito de lazer,
estudo.
São mais oito para
o sono
Porque o descanso
é tudo
Não é sonho essa
jornada
Quero grande e não
miúdo.
Ao longo de nossas
lutas
Companheiros
sucumbiram
Já tivemos muitas
baixas
Muitos colegas
partiram
Homenagear a todos
Pra luta que
garantiram.
O Capitalismo em
crise
Vai sugar do
operário
Construir
Socialismo
Não caia no imaginário
Construa esse
caminho
Para um mundo
igualitário.
A marca do
movimento
Para a mobilização
É denunciar
ataques
Os cortes, a
demissão
Bandeira
socialista
Virá com
revolução.
É o Primeiro de
Maio
Que em todo o
planeta
Trabalhadores
unidos
Escreve com sua
caneta
E com a tinta da
luta
Derruba patrão e
treta.
O Vladimir
Maiakovski
Falou “sou um
camponês;
Sou operário, sou
ferro,
O mês de Maio é o
mês”
É dia de luto e
luta
Nossa voz e nossa
vez.
Todos “unidos,
façamos”
E “nesta luta
final”
Em “uma terra sem
amos”
“A internacional”
*
Que esse hino
operário
Cantemos como um
jogral.
Nesse belo mês de
Maio
A chama da luta é
forte
Não aceitamos a
morte
Diante dessa não
caio
Operário nem que o
raio
Parta rachando a
cabeça
O burguês que se
esqueça
E saiba que a
vitória
Trará mudança à
história
Até que opressor
emudeça.