III Encontro dos Comunicadores do Vale - Jequitinhonha/MG - 2014 |
A comunicação faz parte da natureza de todos os seres
vivos, seja por gestos, seja por aroma, pela escrita, desenho ou som. Todos os
seres, principalmente nós seres humanos, necessitamos nos comunicarmos, como um
extinto de sobrevivência. Inclusive diante esta necessidade, evoluímos nossas
formas de comunicarmos, de chegarmos ao outro, muitas vezes de forma positiva,
mas também em muitas vezes, de forma negativa. A comunicação une ou desune,
promove paz ou guerra, amor ou ódio, ou seja, a arte de comunicar, é uma faca
de dois gumes, precisamos saber de qual
lado desta faca estamos, precisamos perceber a importância de usar dos
instrumentos de comunicação, para defendermos o que compreendemos que seja
certa, mas antes é preciso buscar compreender o que é o certo.
Em 12 de dezembro de 2012, me aventurei ao desafio de
blogueiro, com dois objetivos: falar sobre minhas raízes, minha cidade de
Taiobeiras-MG, e meu sertão mineiro; e desenvolver minha escrita. A partir
deste hobby, recebi um convite,
participar de um encontro cheio de comunicadores de tudo que é lado do Vale do Jequitinhonha. Era o 3º Encontro dos
Comunicadores do Vale, o ano era 2014, a cidade Jequitinhonha.
Um longo caminho, saindo de Taiobeiras, passando por
Salinas, Araçuaí, Itaiobim, acompanhado pelo rio Jequitionha, até a cidade de
Jequitionha, terra do artesão Léo, que destaca o povo do vale em suas obras de
barro. Terra da cachaça Jequitionha, da Igreja com traços da arquitetura holandesa.
Da ponte estreita (foto ao lado) que ilustrou a caminhada que estava por vim
diante ao Encontro dos Comunicadores do Vale, onde pude começar a me indagar e
buscar respostas sobre a importância e o poder da comunicação.
Ponte no Rio Jequitionha - Jequitinhonha/MG - 2014 |
O primeiro encontro a gente nunca esquece. E fez me vê e
sentir, no meio de tantos novos amigos que ali começou a amizade, que eu fazia
parte dos Comunicadores do Vale do Jequitionha. E perceber que dentro das faces
que a comunicação exerce, estava diante a que me senti melhor. A dos
comunicadores que não estavam ali para reproduzir o que a grande mídia faz, e
sim trazer alternâncias, trazer o olhar, a voz e o valor dos oprimidos diante
os grandes meios de comunicação. Trazer a realidade e dialogar com o povo na
linguajar do próprio povo.
E inspirado ao Paulo Freire quando disse que “é
fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal
forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.” A experiência no
Encontro dos Comunicadores do Vale, promoveu não só minha ida ao 4º Encontro,
em janeiro de 2015 na cidade de Pedra Azul, mas a proliferação de mais
participantes de Taiobeiras no encontro. E cada vez mais próximo e mais a
vontade na participação deste evento, que promove além de um discurso politico
sobre os meios de comunicação alternativos, populares e de luta, como a
promoção de políticas públicas a juventude que em massa participa do encontro, tendo a
oportunidade de desenvolver com o contado a universidade, com a parceria da
Universidade Federal de Minas Gerais, e o contato de grandes comunicadores de
todas as áreas, a tantos intelectuais populares como o historiador Luís
Santiago, que pude aprender tanto na praça onde o Bicho de Pedra Azul virou
lenda, e que tomo os versos de sua obra Quarenta e duas peças poéticas:
Também
com as frutas, tão longo
percebem
vingando os troncos
e já
conta com as forças próprias,
vão aos
astros rapidamente,
luzindo
por si sós, sem pedir
o nosso
trabalho.
E nestes versos que refiro o que vi e vivi no passar dos
ECV, a evolução e fortalecimento do grupo, sempre aparecendo mais um
companheiro que busca levantar a bandeira de uma comunicação popular, um
comunicação que dialogo de fato com o povo, mesmo com a grande dificuldade enfrentada
pela opressão da indústria cultual, do consumismo midiático promovido pelas
grandes mídias.
O 5º Encontro, o meu terceiro, fui ainda mais
fortalecido, com a juventude que me acompanhou e com meu amadurecimento
político e social no valor enquanto um comunicador do vale. Medina marcou não
só mais uma edição do ECV, mas um momento de reflexão com a pauta mais
importante, a construção da Carta dos Comunicadores, marco político do
encontro, levando a voz dos comunicadores populares do vale do Jequitionha
dentro da formalidade e da relevância do encontro.
Novamente me referindo ao pensador Paulo Freire, “ninguém
liberta ninguém. As pessoas se libertam em comunhão”. E nesta comunhão criada
pelo ECV, nos promovemos a nos libertar, e buscar nos meios da comunicação da
alternância, sentir as correntes que nos prende e buscar assim, caminhos de
mídias populares alternativas, que dialogue com a população e tragam ideias
novas, tanto para o Vale do Jequitionha que tantas vezes é inferiorizado para
todos que são oprimidos pela opressão das grandes mídias de comunicação.
Relatar as experiências vividas ao longo dos Encontros
dos Comunicadores do Vale fortalece a importância destes momentos, e
fortalecendo a identidade enquanto comunicadores populares, voltados a realidade
do meio que estamos, não deixado de destacar o lado que estamos diante os meios
de comunicação e nosso papel social diante isto.
O 6º Encontro dos Comunicadores do Vale na cidade de Cachoeira de Pajeú - MG, foi mais um grande momento do fortalecimento do grupo, dando incio da autonomia e das novas experiências a serem vividas por nós que construímos o ECV, diante a identidade regional, e a formação política enquanto um comunicador das mídias alternativas.
VI Encontro dos Comunicadores do Vale - Cachoeira de Pajeú - 2017 |
Enquanto educador
e pesquisador trago a reflexão da relevância aos comunicadores, principalmente
a juventude que participa do encontro, do aprendizado não só das oficinas mas
dos conflitos de ideias promovidos nos debates durante o evento. E enquanto um
comunicador de mídia alternativa, percebo a importância da evolução do meu
trabalho diante estas vivencias.
Ser comunicador do vale, é saber a importância do meu
papel social, dos desafios e lutas a serem enfrentadas, e de buscar sempre
afirmar de que lado diante os lados que os meios de comunicação oferece, e
levar as experiências vividas nos caminhos que for, e sempre se identificar
como agente transformador do seu meio.