Bordadeiras - Elisiana Alves |
O Cinturão de Órion é uma das constelações mais
conhecidas da astrologia. Mintaka, Alnilam e Alnitak, as três estrelas que
formam esse cinturão são conhecidas popularmente no Brasil como as Três Marias.
Nome que não se sabe de fato quando e como surgiu, porém Maria é um nome forte,
como o brilho da constelação de Órion, onde astrônomos apontam que sua
visualização se torna mais intensa no mês de Março.
Não é de intenção falar de astronomia aqui, mas sim de
mulheres. O mês de Março ficou representado pela luta das mulheres, e neste mês
que as Três Marias que formam o cinturão de Órion se destaca no céu, falaremos
de três mulheres, três Marias que representam a cidade de Taiobeiras, pela sua
história de vida. Mulheres que mostram o lado de mãe, de política e cidadã. Que
construíram parte da história do município, e que foram significativas nas
vidas de muita gente. A escolha das três Marias aqui é um resumo de tantas
outras Marias que construíram e constrói Taiobeiras.
Dona Maria:
Maria Lucinda de Oliveira nasceu na comunidade do
Atoleiro no município de Taiobeiras, em 20 de dezembro de 1928. Casou-se em 1944
e se mudou para a antiga Fazenda Coqueiro. Ali viveu até 1949, aonde veio para
a cidade. Do 1º casamento teve quatro filhos, em 1956 separou, teve ainda mais
cinco filhos dos quais criou só. Dona de Casa de mão cheia, Dona Maria foi
grande biscoiteira na região, fez muitos festas de casamento na cidade. Hoje
aos 85 anos, sempre está fazendo alguma coisa, ou na cozinha preparando algo,
ou zelando sua casa. Atualmente tem
quarenta netos, cinquenta e quatro bisnetos e três tataranetos. Apesar das
dificuldades que teve na vida, sempre foi uma mulher de força e dedicação aos
filhos, um símbolo de quem se dedicou aos filhos acima de tudo.
Dona Lia:
Maria Matos de Sena nasceu em 04 de janeiro de 1939 na
Fazenda Alto Oliveira, Dona Lia assim conhecida, casou-se com Geraldo Sarmento
de Sena, com que teve 07 filhos e 09 netos. Fez de tudo na fazenda onde morou
boa parte da vida, dona de casa, costureira, cozinheira, e ali começou um dos
ofícios que mais a representou, lecionando para os alunos da comunidade.
Mudou-se para a cidade de Taiobeiras em 1963, onde lecionou por várias escolas.
Em 1983 seu marido foi eleito prefeito do município. Em 1986 com a mudança para
o regime democrático no Brasil foi implantado as secretarias de Assistência
Social em todos os lugares, assim Dona Lia se tornou a primeira assistente
social de Taiobeiras até 1988. Com um trabalho bem avaliado nesse período, se
tornou nome forte. Quatro anos depois candidatou - se a prefeita, foi eleita a
primeira prefeita na região. E mesmo com as dificuldades sofridas na sua
gestão, Dona Lia foi uma das representações femininas mais fortes na política
taiobeirense até hoje.
Dona Mariinha:
Maria Soares Guimarães nasceu na cidade de Caetité – BA
no dia 20 de novembro de 1939, ainda recém-nascida foi morar na comunidade de
Vargem Grande, na época distrito de Rio Pardo de Minas, onde cresceu e
constituiu família. Exerceu nesse período vários ofícios, entre eles de
professora de 1ª a 4ª série. Dona Mariinha, assim conhecida por todos, mudou-se
para Taiobeiras nos anos 1960. Teve 05 filhos, 11 netos, e na expectativa de
receber seu primeiro bisneto. Fez parte
de vários movimentos dentro da Igreja Católica, na Paróquia de São Sebastião,
mais especificamente na comunidade de Cristo Rei. Em 1997 com a Campanha da
Fraternidade com o tema “Cristo liberta de todas as prisões”, a Pastoral da
Carceragem ganhou força em Taiobeiras, com a participação significativa de Dona
Mariinha, que ao longo destes 14 anos vem desenvolvendo trabalhos de
assistência social aos presidiários. Seu trabalho é reconhecido não só pelos
presos da cadeia local, mas de toda comunidade e autoridades que vêem em seu
trabalho uma oportunidade a muitos condenados. Trabalho que não fica só no
espiritual, mas na tentativa de dar dignidade a muitos que passam por ali. Dona
Mariinha é uma representação de uma luta social contra a violência a partir da
tentativa de recuperação dos detentos.
Nossas Marias
As três Marias aqui tratadas são um pouco de tantas e
tantas Marias que representam não só a cidade de Taiobeiras, mas em todo mundo.
Mulheres que lutaram e ainda lutam numa sociedade cheia de desigualdade e
inferioridades. Mulheres que passam por cima dos preconceitos de gênero,
enraizado em uma sociedade patriarcal. Sociedade machista que apesar de tantas
mudanças, está presente sempre, inferiorizando não só as mulheres, mas todos
que não inclui o homem tradicional colocado nesta sociedade como o gênero mais
forte.
A luta e o trabalho de Dona Maria, Dona Lia e Dona
Mariinha pode ser pouco para muita gente, mas se tornam gigantes quando se vê
as lutas das mulheres por todos os lugares. Mostrado que de frágil não tem
nada, e que cada dia tenta se por adiante a situação de serem sujeitadas pelo
gênero masculino, ganhando maior emancipação diante a esta batalha árdua do
preconceito. O nome Maria é um nome
forte desta luta, como eternizada na música de Milton Nacimento onde faz
homenagem a todas essas Marias que estão na luta.
Maria, Maria
Milton
Nascimento
Maria,
Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta
Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida